terça-feira, 26 de agosto de 2008

Falando de coisas legais...

... o Planetário da Gávea está montando uma exposição de arqueo-astronomia, ou seja, meios que os povos antigos tinham para observar e prever eventos astronômicos. Stonehenge não será mencionado, uma vez que a ênfase será nos povos pré-colombianos. Uma bela reprodução do calendário maia em, creio, 1:1 fará parte da mostra.

E, pelo que soube, os limpos ares de Santa Cruz poderão ser aproveitados pela instalação do primeiro Planetário digital do Brasil. Parabéns, pessoal da Zona Oeste!

Enquanto isso, no Império...

A verdadeira arte americana transcende os conceitos tradicionais de arte: cinema, dança, teatro, etc. Não, é algo que é todo deles, e que eles fazem com maestria impar. E está presente em blockbusters hollywoodianos, em peças da Broadway, lançamentos de foguetes, noticiários e na guerra.

A verdadeira arte americana é a do show. A do arrebate das massas. O 'Oooh!' e o boquiaberto coletivo. Insuperáveis. Isso está agora em evidência na política. Pra que tanta comoção pra se escolher um candidato? Que sistema político torpe é esse, em que se gasta uma grana obscena para pré-candidaturas, que dirá the real deal?

Agora Obama é branco e operário. Um feito impressionante para um senador negro formado em Harvard.

Pois é moça, falou curto e bonito. O que eu acho curioso é que a questão por trás da cor de Obama é mais complexo, mas que não fará diferença alguma. Primeiro, ele não é negro, ele é mulato. Ele é filho de uma miscigenação pouco tolerada naquele país, cuja lógica binária está cada vez mais sendo absorvida por esta nossa droga de país. Mas, ao mesmo tempo que isso potencialmente acende uma chama de discussão maior sobre a importância ou desimportância da cor de um candidato, e a que agenda isto serve, é igualmente irrelevante: não se aceita miscigenação naquele país. Ponto. É raro, é pouco e mal visto, e não se fala mais nisso.

É uma pena. Porque euzim aqui acho que é um feito maior ainda do que um candidato negro com chances reais de presidência.

O Horror...! O Horror...!

O horário eleitoral gratuito começou.

"deficiênte" e "ascíduo" lidos agora à noite nas legendas de alguns candidatos.

Fora a fauna em si, é claro.

segunda-feira, 25 de agosto de 2008

"Outros Sentidos" no Rio

Meu caríssimo Baroni anuncia:

"o coquetel de lançamento do meu livro, “Outros Sentidos”, acontece no dia 26 de setembro, entre 18 e 21h, no Espaço Bora Bora (Av. Abelardo Bueno 2.510, Barra da Tijuca, em frente as arenas do Pan). A obra traz poemas meus, fotografias da fotógrafa Elis Regina Nogueira e nanquins e arte digital da publicitária Nanci Silva.

Durante o evento será realizada exposição sob o tema “Os Sentidos” reunindo trinta artistas plásticos cariocas – dez deles pintando ao vivo temas relacionados à obra. Além disso, atores da Companhia Teatral Artisando recitarão poemas do livro. Também compõe a programação show da banda Pegadas Jazz."

domingo, 24 de agosto de 2008

O País dos Ingratos

Eu não deixo de ter esta sensação ao término desses jogos olímpicos.

Se não tiver um investimento emocional povão embutido E não for ouro, não nos interessa nem comove. Ainda xingamos, no último caso.

Achei o 'teaser' de Londres 2012 fraquinho que só, e o encerramento podia ter terminado naquela torre cheia de acrobatas. Cantoria pop chinesa eu tô fora.

Mais em quatro anos.

sábado, 23 de agosto de 2008

Momento velho moralista...

... eu não sei porque a crença de que quem tem tv por assinatura não tem crianças em casa ou algo assim.

Aos interessados de plantão: quem tiver o plano expandido da Net, e se preocupar com filhos pequenos em casa, aconselho tomar cuidado com o canal que atualmente ocupa o #90, Ani max, destinado a passar animação japonesa 24h por dia, e alguns filmes de ação, aventura, mistério, etc. Até ai, tudo bem, rolam algumas coisas bem interessantes, como Gankutsuou, uma releitura bastante criativa do clássico de Dumas, pai, O Conde de Monte Cristo.

O problema é que não apenas anunciam, como passam algumas animações em plena luz do dia - não vou nem entrar na questão da violência - com alguns temas como prostituição juvenil e cenas sugestivas, como nudez feminina de perfil, e coisas assim. Há a opção de bloquear os canais pelo controle remoto.

Para um adulto tarado que nem eu, o que mostra já não significa nada. Mas para quem tem criança em casa e responsavelmente se preocupa com conteúdo, está dado o toque.

sexta-feira, 22 de agosto de 2008

Exposição de gadgets vitorianos

Muito bom! Os óculos periscópicos são meu sonho de consumo.

terça-feira, 19 de agosto de 2008

O Coração das Trevas

Comprei O Coração das Trevas, em uma edição da Martin Claret, dez pratas na banca. Andava cismado com este livro desde que soube que ele entra na composição direta de King Kong e é a base para Apocalypse Now. Lendo o livro, muita coisa se explica das duas obras.

Escrito por Joseph Conrad, escritor polonês que se bandeou pra Inglaterra no Século XIX, da estirpe dos escritores-aventureiros, registrando com o talento da palavra suas experiências em locais exóticos e distantes -- ele própio um marinheiro mercante -- para a Europa de seu tempo, ávida por novidades.

É um livro de leitura densa, com excessiva - aos olhos deste ignorante, pelo menos - descrição de lugares e sensações, mas tão densa quanto a selva que o protagonista vai se embrenhando. Assim como em Apocalypse Now, há o mítico "homem que não está lá", mas que ao redor todas as admirações giram, de suas ações, pensamentos e feitos, o mítico Kurtz. Talvez seja o maior "macguffin" da literatura pelo menos até a estatueta de Relíquia Macabra/O Falcão Maltês: o tempo todo lemos sobre o quão geniais são as idéias de Kurtz, o tempo todo lemos sobre sua grandiosidade, que os nativos o veneram -- mas não temos a menor pista sobre quais exatamente elas sejam, ou como exatamente ele fez para ser tão adorado, independente da cor de pele.

Talvez o importante ali seja exatamente a viagem de Marlowe, o protagonista, e o quanto isto o transformou. Uma fonte de oposição permanente, com tons sombrios, quase consciente, tida como maléfica, é a selva pela qual todos viajam a bordo do vapor caindo aos pedaços até o entreposto de marfim gerenciado por Kurtz. Nem precisa de ataque de selvagens: basta a presença da densa selva ao redor, como se aguardando o momento oportuno de atacar, olhando feito diretamente para os invasores ali. E, apesar de tudo, eles continuam avançando.

"O Coração das Trevas" é um título que tem alguns níveis de interpretação possíveis: tanto da parte não aberta dos mapas, quanto da selva em si, quanto dos horrores que o colonialismo europeu impunha no continente africano. Conrad não faz nenhuma apologia aberta contra o sistema, mas não precisa. A passagem pelo primeiro entreposto comercial e o estado de alguns tantos escravos ali presentes pode dar alguns engulhos. Não creio que ele precisasse ter exagerado de alguma maneira.

A edição da Martin Claret ainda traz, ao final, resumo e análises das partes do livro. É bem interessante. Destaco o comentário sobre o conservadorismo político de Conrad não impedir que seus personagens sejam, do que fala o livro, outsiders no geral. Um paradoxo bem-vindo, creio.

Cheguei a comprar Nostromo, um romance dele. Vamos ver como se sai.

O Sorriso do Dragão

Meu prezadíssimo Victor Barone escrevinhou um ótimo texto sobre a ditadura chinesa e a prática da propaganda e mentira associada às Olimpíadas.

Reproduzindo o comentário que deixei, males da Era do Veja-Bem: desde a queda do Muro de Berlim que a polarização das idéias arrefeceu, e o mínimo de preço a pagar por apontar que o outro rei está nu - aturar que se aponte o rei de cá, digamos - não mais é aturado.

segunda-feira, 18 de agosto de 2008

Jogos Olímpicos, hein? - III

Ok, eu realmente deveria deixar esses Jogos de lado. O lance de correr tudo em uma ditadura escrota como a China realmente pega. Deve ser um dilema parecido como o de 1970 e a copa do mundo que deu o Tri ao Brasil, no auge da milicada.

Como em 70, deveria-se ter alguma reação não do COI, que são um bando de vendidos, mas da própria base, ou seja: os atletas. Mas já que o patrocínio, o ego e a obstinação (não necessariamente nesta ou em qualquer ordem) vêm antes, paciência.

Bom ver que há quem fale ainda contra isto. No blog Além do Jogo, uma matéria sobre isso, mostrando inclusive a ótima foto de uma nadadora alemã contra a perseguição política na China.

Mas aqui em casa a turma é fanática, e eu acabo assistindo.



Até porque eu tenho minhas torcidas próprias. A moça acima descobrimos na olimpíada passada, no momento em que as meninas do vôlei tomavam uma coça da China ou Coréia, algo assim. Irritados, mudamos pra outro canal. Tinha um close em uma bela moça, falando rápido e sozinha, como se fosse uma possuída. Em seguida ela ganhava medalha de ouro e estabelecia novos recordes, olímpico e mundial. Hoje de manhã foi a mesma coisa. Medalha de ouro e novos recordes, olímpico e mundial. 5,05m, aliás. Vai encarar?

O tom triste foi da atleta da mesma categoria Fabiana Murer, que simplesmente teve a vara de salto perdida pela organização chinesa (uma sacanagem com ela e em dois atos, já que as piadas infames já começaram). Até o técnico da bicampeã acima foi chiar junto com o brasileiro. Sabem, eu acho isso engraçado. De país com arsenal nuclear ninguém perde nada.

Da Rússia, por exemplo. Que enquanto os Jogos que um dia interrompiam guerras ocorrem, eles entram com areia na República da Geórgia.



As moças acima, de uma categoria de tiro, são da Rússia e da Geórgia, confraternizando no pódio. Isto deveria ser destacado mais na imprensa.

E a essas tantas, vai ficando óbvio que não haverá abertura política de porruma, conforme promessas para o COI (oh, tadinhos, eles acreditaram!); mas antes o reforço de propaganda de um sistema autoritário, carregando o nacionalismo nas tintas. Na terra do filho único, isto será nefando.

sexta-feira, 8 de agosto de 2008

Qual a Natureza...

... a China prevalecerá pelos números.

Quem viu a abertura dos Jogos, sabe do que falo.

segunda-feira, 4 de agosto de 2008

sábado, 2 de agosto de 2008

Desenho animado dublado...

1) Ok, o público-alvo primário é o infantil (que é o mais rentável mercado de DVDs, diga-se de passagem).

2) Ok, que me dizem, o trabalho tanto de tradução quanto de interpretação - salvo 'famosos' da vez, como o Bussunda - vêm melhorando nos últimos anos.

3) Ok, os dubladores se organizaram, e batalham cada vez mais oportunidades de trabalho para si.

Errado então sou eu que a) sou adulto que gosta de desenhos animados, b) que tem domínio até razoável de inglês, podendo identificar e curtir piadas no idioma original e que c) acredita que entretenimento deveria significar opção.

Enfim...

Olha, Mãe! Sem Eletricidade!

Na mitologia grega, o Dodekatheón eram os doze privilegiados que moravam no Condomínio dos Deuses, o próprio Monte Olimpo. Eram Zeus, Hera (casamento), Apolo (medicina), Hermes (comércio), Afrodite (amor), Atenas (sabedoria), Poseidon (mares), Hestia (Lar), Demeter (cultivo), Ares (guerra), Artemis (caça) e Hefaistos. Este último é o deus dos vulcões e fogo -- e dos metais e metalurgia, escultores, ferreiros e artífices.

(Os demais deuses mandavam em mais coisas, estou somente abreviando um pouco).

Hefaistos (Vulcano, pelos romanos) é o responsável pelo equipo de muita gente bacana da época: dos relâmpagos de Zeus (como todo mundo que assistiu a Fantasia sabe) às asas de Hermes, a carruagem do sol, a armadura de Aquiles, etc. -- e ainda, um curioso número de seres artificais. Talos, o gigante de bronze que patrulhava a ilha de Creta, por exemplo, cuja descrição nos dá a idéia de alguma coisa composta de partes em metal, não somente feito de uma peça, o que seria uma estátua. Havia figuras históricas, como Arquimedes de Siracusa ou o menos renomado Heron de Alexandria, que eram inventores de época.

Mais do que o assombro que essas técnicas e tecnologias causavam no imaginário de época (ou seja, até a Ficção-Científica os antigos gregos inventaram) era a engenhosidade do que foi deixado em registro... e descoberto.


Fonte: O Globo On-Line

O Mecanismo de Anticítera foi descoberto por pescadores de ostras nas costas da Grécia em 1900, um sistema de engrenagens de 2100 anos de idade que levou muito tempo para se começar a entender para que servia. Com o tempo, viu-se que tinha funções de navegação e previsão de eventos astronômicos. Uma nova função foi levantada agora, aparentemente a de demarcar, em ciclos de quatro anos, quando se dava os jogos olímpicos de então. Genial.

Se for certo indicar que este status conferido a esses doze deuses e suas áreas de influência são um reflexo do que importava aos gregos antigos, dá a pensar o que ainda há por ser descoberto por ai.