segunda-feira, 26 de julho de 2010

Anima Mundi 2010

Acabei optando esse ano por não por minhas resenhas diárias ou quase diárias sobre como foi no festival, por achar que, em termos de relação com o público, a coisa continua um pouco mais do mesmo, com a exceção que esse ano foi bem, bem maior. Uns 30% a mais do que o último ano foi o saldo, pelo que dizem, de espectadores. Eu acredito. As filas na Casa França-Brasil estavam monstruosas, e o atendimento, do que eu lembro ano passado, acabou sendo uns 30% a mais.

Vi poucas sessões, infelizmente, e do que vi, posso recomendar menos ainda. A premiação do Anima Mundi Rio de Janeiro saiu no blog do festival, e, coincidentemente, parte do que está lá estava nestas sessaões. Comentários rápidos:

La Dama y la Muerte
- vencedor do júri popular, uma divertidíssima comédia 3D feita na Espanha. Um detalhe obscuro: a música no início é a mesma da cena final de Dr. Strangelove, do Kubrick.

Eu Queria Ser Um Monstro - Melhor Curta Brasileiro, de Marcelo Marão, com stop motion e desenhos animados. Uma homenagem muito bacana a um pai, no fim das contas. Vale ver como os bonecos do stop motion, setor do Pedro Iuá, captaram tão bem o jeito do desenho do Marão.

Mobile - alemão, ganhou Melhor Filme de Estudante. 3D divertido e rápido.

Videogioco A Loop Experiment - italiano, ganhou Melhor Animação pelo Juri Profissional. Muito interessante, sim, juntando animação no traço e stop-motion.

The Lost Thing - Melhor Trilha Sonora pelo Juri Profissional. 3D puro. Melancólico, talvez um pouco longo demais. Mas simpatizo com o tema. Em um mundo banal e ordenado, como encaixar aquilo que não é classificável?

Dos meus gostos pessoais, do que me toca em especial, eu reservo os dois últimos comentários.

Der Kleine und Das Biest - alemão, ganhando Melhor Roteiro do Juri Profissional. Técnica 3D simulando desenho 2D; ele conta, sob a ótica de uma criança, o que é ter a mãe virando fera, em uma bela - por incrível que pareça - história de separação e superação. Alemães. O que há com eles? Ou é o devorador de salsichas da oktoberfest, ou é o povo capaz de executar obras como esta ou Adeus, Lênin. Não há meio termo.

Madagascar - Carnets des Voyages - francês. Sabem quando é feito um caderninho de viagens, em que um monte de coisas você anota, guarda ou registra em algum lugar? Passagem dum ônibus local, conta de bar, rótulo de garrafa que só tem lá, fotos, sketchs, além de filmes ou simplesmente memórias? Esse filme aproveita a diversidade das memórias e constrói, utilizando diversas técnicas de animação, uma narrativa em cima disso, em uma linguagem de videoclip, onde dificilmente um take leva mais do que dois segundos ou o que o valha na tela. 3D, stop motion, 2D, pintura... e não exclusivamente, ou seja, usando e abusando misturar as técnicas em um resultado belíssimo. O prêmio do Júri Profissional de Melhor Direção de Arte foi pra lá de merecido.

É isso. Nas minhas idas e vindas ao festival levei A Sorte dos Girinos, do meu prezado Carlos Patati, e O Centésimo em Roma, do meu igualmente Max Mallmann. Resenhas, espero, em breve.

E agora é descansar e... Anima Mundi 2010 - São Paulo edition! :)