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quinta-feira, 19 de maio de 2011

Thor


Dando sequência a uma mega-história contada desta vez nas telas, assisti ao último filme da Marvel Comics no cinema, do asgardiano Thor.

Não é nenhum Homem de Ferro, mas dá pra se divertir bastante. Natalie Portman me parece meio overkill em filmes como esse, não muito diferente de Gwyneth Paltrow no já mencionado HdF. Curiosamente, não diria isto de Robert Downey Jr. - a canastrice lhe caiu excelentemente bem no papel, afora talvez um pouco de chauvinismo meu, confesso, confesso.

Direção de Kenneth Brannagah, o filme é simples, e direto ao ponto, sem grandes rodeios. Pega a premissa original do personagem, quando criado, e a sintetiza em um filme de duração padrão: orgulhoso demais para o seu próprio bem, Thor é exilado na Terra, e originalmente tinha que viver entre mortais como um médico manco, o Dr. Robert Blake, puxando seus poderes divinos na hora de necessidade. No filme, ele apenas vira um mortal, "Robert Blake" foi uma identidade secreta que lhe arranjaram, marotamente, um ex- da personagem de Natalie Portman que vira o interesse romântico do herói. Thor, até a hora e pouco de projeção, aprenderá o valor da humildade e do sacrifício pelos demais.

O elenco de apoio manda bem. Destaque para Tom Hiddleston, desde já um vilão favorito, ao interpretar o irmão maligno Loki, em uma interpretação que garante ao personagem uma certa simpatia, nem que inicial. E foi bom rever Idris Elba, o eterno - e pra lá de vilanesco - "Stringer" Bell, da sensacional The Wire.

De resto, temos uma Asgard de visual acachapante, Anthony Hopkins de Odin e Titus Pullo de Volstagg. Diversão para toda a família!

terça-feira, 29 de março de 2011

Sucker Punch - Mundo Surreal


Spoiler zone ahead.

Como já andei dizendo, Zack Snyder, por mim, é bem vindo à hora que for para fracassar na bilheteria - e que mal posso esperar pelo próximo Superman, até agora a ser dirigido por ele.

Sim, isto é um elogio: Depois de 300 e Watchmen (que também não foi bem na bilheteria), acho que Snyder prova que é "o cara" para filmar o gênero de Super Heróis. A dimensão épica, ele pega em um instante. O tratamento mais profundo, se não ficou convincente em Watchmen, para mim ficou claro neste filme. Não se deixem ofuscar pela pirotecnia exacerbada: há uma história ali, e ele pode contá-la.

Over-the-top é uma espécie de lema.

Sucker Punch é um filme que segue, creio, duas tendências atuais no cinema. Dizer que é um filme de efeitos especiais é pouco. É um filme que lida com múltiplos níveis de consciência e realidade (A Origem, The Matrix), para contar uma história trágica de sobrevivência quando o mundo fecha todas as portas: Emily Browning interpreta Baby Doll, cujo nome real nunca é revelado, que por uma trama sórdida envolvendo herança - logo apresentada no início, sob um desolado Sweet dreams are made of these -. é trancafiada em um asilo mental para moças, e logo fica claro que não há possibilidade de jamais crerem em sua versão, muito menos em sua sanidade.

Os demais personagens são apresentados brevemente, dá pra sacar o que cada um será, mas a partir da cena em que é apresentado técnicas de psicodrama como parte da terapia, temos acesso a um segundo nível de realidade, onde todas as demais pacientes são apresentadas como se tudo ali fosse um bordel de luxo misturado com Moulin Rouge, do qual passam o dia se preparando para se encontrar com seus ricos clientes exclusivos e se exercitando na dança. Baby Doll é o nome de guerra conferido à recém-chegada que, levando em conta a ética dos aprisionados, sente que seu primeiro dever é tentar fugir. Cooptando as parceiras de infortúnio, elabora um plano, o qual precisa distrair certas pessoas, e o faz com sua dança: e é aí que os efeitos especiais entram, sem dó nem piedade. Quais as correlações dos eventos - e personagens - dos níveis de realidade mais elevados com os anteriores, só podemos especular, especialmente em relação ao primeiro.

Talvez Snyder esteja pagando o preço, com o perdão do trocadilho, de fazer um híbrido: é um filme de super-heróis, mas na verdade é uma história psicológica. É um drama psicológico, mas recheado a transbordar de efeitos especiais. Não é tão diferente de Watchmen neste ponto, cuja maneira de filmar me lembrou bastante, fotografia e Carla Gugino especialmente.

Complicada e perigosinha.

A segunda tendência, inescusavelmente comercial e sexista, é o fetiche ambulante de gostosinhas sentando a porrada em marmanjos, passando fogo no que se mexer. Isto remonta pelo menos à série e ao filme trash original de Buffy - A Caça Vampiros, tem roupagens mais recentes nos filmes d'As Panteras e em bizarrices como Bitch Slap e Nude Nuns with Big Guns; e ainda o ultra bem conceituado Kill Bill, passando ainda por incontáveis mangás/animes e videogames.


Rocket, em bela arte associada com o filme.

A história de Alice No País das Maravilhas - com metralhadoras - ainda foi citada e assim já foi descrito, por fundamentalmente ser uma história de uma garota assustada andando por um mundo estranho e hostil, cujo nonsense acaba sendo seu único aliado.

Conversando com Dom Aragão, comentávamos como há um tipo de diretor que se farta em referências pop, mais do que - aparentemente - acadêmicas hoje em dia: Tarantino, Rodriguez e Snyder. Se entendi, ele aponta que Tarantino aparenta inteligência, muitos vêem Rodriguez só como ação e Snyder acaba sendo curiosamente críptico, apostando apenas em um nível de geekness mais acentuado como o suficiente para ser o seu público. Concordo. Não seria a primeira obra visando somente um tipo de público, mesmo levando em conta a cultura pop: a sequência do morno e genérico Final Fantasy, direcionado exclusivamente aos fãs do videogame original, é outro exemplo que conheço disto.

The posse is in town.

Em resumo? Assistam, tirem suas próprias conclusões. Não achei, realmente, que apesar de todo o tom de aventura, até, e ação e fx a rodo, seja um filme para crianças. Pais, estejam atentos. Não há nudez, a violência não é sanguinolenta, é de videogame, mas a crueldade e a tristeza, ímpar tristeza, estão lá.

segunda-feira, 6 de dezembro de 2010

segunda-feira, 22 de novembro de 2010

Deixe Ela Entrar

Deixe Ela Entrar: protagonistas estreantes, porém de peso.

Deixe Ela Entrar é um filme independente sueco de 2008, que conta a história de duas crianças em início de adolescência que vão construindo um entendimento, um relacionamento, um primeiro namoro. É um belo filme.

Deixe Ela Entrar também é um filme de terror, onde crueldade encontra inocência, e a corrompe lentamente. É um filme perturbador.

Ambas são formas de apresentar este filme, e são formas incompletas de defini-lo.

Há uma versão americana, que, é claro, só pode resultar em um filme óbvio, já a contar do trailer. Evitem-na.

sexta-feira, 19 de novembro de 2010

RED - Aposentados e Perigosos

A idade faz bem a uns e outros.

Assisti RED ontem. Pipoca de primeira, com um elenco veterano que, dá a impressão, estão se divertindo horrores filmando aquilo.

Por elenco veterano, entenda-se, é com Bruce Willis, Helen Mirren, Morgan Freeman, Brian Cox e John Malkovich (impagável, rouba a cena), Richard Dreyfuss e, surpresa minha total, Ernest Borgnine, ainda vivo, mais veterano do que todo o resto.

A idéia não é nova: bando de "oldtimers" volta à ação pelo motivo x, e ainda mostra à nova geração como as coisas são feitas. Em 2000, Cowboys do Espaço era com Clint Eastwood, um elenco também de veteranos e a mesma premissa. Mais recentemente, Os Mercenários veio com o mesmo princípio, com Willis de quebra. Nos anos 80-90, os filmes de Jornada Nas Estrelas apresentavam a noção do "we are too old to this shit", como fizeram os filmes de Máquina Mortífera.

Never retreat, never surrender!

É o típico filme que se baseia na simpatia da idéia por trás dos personagens, que é garantida por carisma e talento de atores que todo mundo gosta de ver ou rever.

Pela nova geração, que sinceramente só está lá como escada para os verdadeiros astros (ao contrário do que se vê ocorrendo), Mary-Louise Parker e Karl Urban, este no inglório papel de opositor aos heróis. Urban, que vem fazendo filmes de ação, é uma nova promessa (já cumprida) do gênero. A troca de sopapos entre ele e Willis tem um quê de simbolismo, e é a melhor luta do filme. Confrontação de gerações mais gentil é o agradecimento "por tudo" de Willis a Borgnine, um senhor nonagenário, aliás.

De resto, é ver e se divertir.

quarta-feira, 22 de setembro de 2010

The Spirit

Vi a adaptação pro cinema de um dos mais famosos personagens de quadrinhos, do falecido mestre Will Eisner, dirigido por outro bamba, Frank Miller, cuja magistral obra Sin City foi adaptada por Robert Rodrigues em anos recentes. Ao que parece, Miller resolveu que apenas a estética utilizada no filme de Sin City assim como a canastrice típica da dobradinha Rodrigues/Tarantino bastariam para dirigir.

Eu não sei por onde começar. Que erro, que erro.

segunda-feira, 20 de setembro de 2010

Luzes da Cidade

Num insuspeito fim de noite desses, no caso ontem, assisti a Luzes da Cidade. Acho que talvez seja o melhor filme de Charles Chaplin. Está na lista de preferidos de muita gente grande, como Orson Welles e Stanley Kubrick. Filmado em 1931, ainda era cinema mudo, embora o filme falado já não fosse novidade na época. Preferência do autor, e de quem pode, e prova porque.

A sequência de gags, quase como um sketch após o outro, contando as desventuras do Vagabundo para ajudar uma jovem e pobre florista cega por quem se apaixona, ainda faz rir quase 80 anos depois. Ao mesmo tempo, penalizamo-nos por ele, passando por várias situações para protegê-la. E a música, claro, é igualmente imortal.


Tem um dos melhores finais no cinema de todos os tempos, do tipo em que poucas, ou nenhuma (mesmo sendo um filme mudo) palavras são ditas. A sacada da mão é genial, genial. Não sabemos o que acontece depois do reconhecimento. Sob um certo aspecto, não precisa.

domingo, 27 de junho de 2010

Filmes de ultimamente...

Esquadrão Classe A

Baseado na série que passava no SBT, e que hoje em dia pode ser vista no TCM na Net; o filme resolve contar a origem do grupo de elite militar perseguido por um crime que não cometeu, assim como tantos cacoetes típicos da série, como porque B. A. tem tanto pavor de voar, especialmente com Murdock ao manche. O filme é de uma simpatia fenomenal, eu que nunca liguei para a série fiquei com vontade de vê-la. Ver Liam Neeson no papel do Coronel Hannibal é estranho e gratificante, uma vez que ele sorri pela primeira e várias vezes na tela grande desde não sei quando. Dá pra ver o George Peppard, que encarnou o papel original, facilmente ali. Tiros, explosões, efeitos fenomenais, mentirada sem fim (alguém tem dúvidas de que um tanque de guerra possa voar?)... ainda tem a Jessica Biel sendo bonitinha. Apesar dos níveis de testosterona, é diversão para toda a família. Ao final dos créditos tem duas cenas desconexas, apenas para por dois do elenco original (Murdock e Cara de Pau) fazendo alguma besteira.

Fúria de Titãs

Liam Neeson de novo, aqui encarnando Zeus, chefe do panteão grego. Mas podia ser Neeson como podia ser qualquer um outro; esta refilmagem realmente não acrescenta nada, em termos de história, em relação ao filme original dos anos 80. Sam Worthington, recém-saído de Avatar, está tão expressivo quanto. Aliás, por alguns momentos me pareceu algo vagamente parecido, com o herói improvável tomando as rédeas de acontecimentos revolucionários. Os efeitos digitais, dã, são incríveis, eu vi em 3D, e... mas... cri-cri-cri... O filme ainda tem Polly Walker, a eterna Atia dos Julii em Roma, infelizmente surgindo apenas para morrer em seguida. Algumas tetéias bonitinhas e igualmente anônimas, e... hum. Vão ver Esquadrão Classe A.

Bitch Slap

Filme tosco, com a intenção de. Feito por parte da equipe da produção, nos anos 90, das séries Hércules e Xena – a Princesa Guerreira; Bitch Slap parece querer responder a uma pergunta que eles mesmos fizeram, e se Quentin Tarantino e Robert Rodriguez quisessem fazer um filme B? Ou ainda, como seria um filme B mesmo para Tarantino & Rodriguez? O resultado é esse carnaval de clichês de violência e decotes gratuitos em câmera lenta. No melhor espírito da brodagem, temos Kevin Sorbo e Michael Hurst mais Lucy Lawless e Renée O’Connor, das séries acima citadas, fazendo papéis mais ou menos significativos.

Kick Ass – Quebrando Tudo

O filme capta uma certa falta de noção / inocência pueril de meio de adolescência, girando sobre o que é necessário ser um super-herói, e exatamente um guri que se mete a besta – e só se arrebentando no processo. Poderia ser alguma espécie de fábula sobre a inocência e o quanto pode se custar para manter a crença naquilo que se acredita, mas... não. Dali a tanto, entendemos que o herói improvável é apenas um mero fio condutor para uma história mais complexa (nenhuma surpresa, até ai, haja vista clássicos como Chinatown, que usam a mesma abordagem), envolvendo heróis mascarados já na ativa. E somos introduzidos à HitGirl, e nada mais importa no filme. Assistam. É uma abordagem não-corriqueira do tema super-heróis, o roteiro é de Mark Millar, veterano dos quadrinhos (e finalmente sua verborréia encontra uma mídia adequada), embora, na minha opinião, tenha um jeitão de Frank Miller aqui e ali, no andamento, enquadramentos... claro, o Nicholas Cage parecendo o Batman com uma guriazinha mascarada do lado só fazem lembrar do clássico O Cavaleiro das Trevas, de 85. Não recomendo para a criançada.

Toy Story 3

O terceiro encerra, ou ao menos assim entendo, o tema dos brinquedos animados, com piadas engraçadíssimas, aventuras, humor politicamente incorreto (como isso faz falta!) e um final bastante disneyano, derrubando muita gente crescida, sendo apenas aqui, e isso talvez, um pouco longo demais – ou não. É uma despedida e uma despedida, afinal. Destaque para You got a friend on me cantado em espanhol pelos Gipsy Kings – é, isso faz parte de uma piada.

sábado, 22 de maio de 2010

Downey Downey

Robert Downey Jr.: heróis com mais ou menos cavanhaque, o importante é se divertir!

Assisti, no intervalo de seis dias, Sherlock Holmes e Homem de Ferro 2. Sensacionais, sensacionais. Robert Downey Jr. deve estar se divertindo horrores. Meu medo é que seja só isto, vindo dele, daqui por diante: encarar o narcisista insuportável cheio de tiques e que todo mundo, forçosamente ou não, adora. Não há tantas diferenças assim entre seus Sherlock Holmes e Tony Stark - sendo franquias em desenvolvimento, com continuações previstas.

Ambos os personagens têm problemas com algum vício (Stark, ao menos nos quadrinhos). Ambos foram criados sendo gênios em seus campos, e, embora Holmes aqui tenda a ser um grande recluso com problemas de se relacionar com pessoas, Stark simplesmente ama a atenção; ambos têm um ego à altura do talento. Falam rápido, atropelam outras falas, ou a si mesmo, vão do maior personagem que domina a cena para alguém que você tem pena em segundos, daí para um cretino completo, e de novo.

Typecasting: não é diferente de atores de grande talento como Al Pacino, que parece que só fala dando bronca, ou Robert De Niro, idem, mafioso canastrão. A máquina devora.

Tirando isso, ambos os filmes são imperdíveis: Sherlock Holmes reinventa um pouco o universo de Doyle, e entendo que alguns tantos puristas reclamaram. Não poderia dizer, li poucos livros de Sherlock Holmes e há muito tempo, e a imagem que eu tenho - e decerto muita gente, inclusive os puristas - do detetive é a de Basil Rathbone interpretando-o em 14 filmes em preto e branco, com o Dr. Watson sendo um simpático velhinho. Rathbone era a dignidade à toda prova, a calma intelectual certamente apropriada para o Maior Detetive do Mundo - um inglês, claro, em plena época vitoriana, na Inglaterra industrial e científica - poder resolver seus casos intrincados. Corre-corres e explosões são ungentlemanish, se é que essa palavra existe.

"When you become the character you portray, it's the end of your career as an actor."
Basil Rathbone, o eterno Sherlock Holmes.

E ai vem Guy Ritchie.

Falando no que, aliás. Filmes totalmente anti-fidalguia inglesa, como Jogos, Trapaças e Dois Canos Fumegantes e Snatch - Porcos e Diamantes, mostram uma Londres que nada tem para turista ver, uma Londres de marginais, mafiosos violentos, pequenos golpistas, ciganos, contrabandistas, mercenários russos, todos com sotaques e excentricidades - há tiradas inesquecíveis - de modo geral. Apesar destes dois filmes seguirem uma mesma fórmula - na minha opinião, consagrada em Snatch - eles são divertidíssimos, com diversas linhas de narrativa correndo em paralelo até um fim em comum, em que os protagonistas - caso sobrevivam - não têm bem certeza do que diabos acontece. Filmes para se ter na coleção. Um casamento que parece que enterrou sua carreira depois, ele tenta ressurgir com Revolver, que segue a mesma linha, mas sendo um drama, e não a comédia de antes, e depois Rocknrolla, que parece que é ele imitando a si mesmo. Divertidinho, mas sem o brilho dos dois primeiros filmes.

- Why do they call him Bullet-Dodger?
- Elementary, my dear Watson. Because he dodges bullets.

Quando eu soube que ele iria dirigir o próximo filme de Sherlock Holmes, titubeei, exatamente pela imagem rathbonesca na cuca. Mas, que diabos, vamos ver, eu reservo meus purismos para outras catástrofes. E achei resultado foi excelente: é a Londres de Ritchie, ainda que verde, digital e vitoriana. Os capangas excêntricos estão lá, assim como as cenas de luta, violentas e sujas, agora com o auxílio de modernas câmeras digitais. O humor rápido, cínico e ácido também.

Em pé de igualdade de Downey está Jude Law, elevando o Dr. Watson a um pé de igualdade. Eu não pude deixar de lembrar da série House, em que o protagonista - inspirado parcialmente em Holmes, aliás - tem também um talentoso porém humanamente limitado amigo/sidekick, o dr. Wilson. Entretanto, Law inventa um Watson o qual "sidekick é o cacete" e que não leva desaforo pra casa, embora a relação conflituosa aqui lembre muito a dos personagens desta série. O resto do elenco não faz feio, mas também não se destaca particularmente: Rachel McAdams fazendo uma Irene Adler mais voluntariosa e Mark Strong sendo um vilão cujo aspecto lembra muito o Drácula de Bela Lugosi, com uma gola alta do capote fazendo a capa do velho Conde, e os cabelos puxados pra trás - hum... e que volta dos mortos. :)

A conclusão da história, já com tudo engatilhado para uma sequência, mais do que mera sugestão, encerra muito bem. Fãs de Sherlock Holmes ou casuais interessados, assistam.

***

Yes, we did!

Em Homem de Ferro 2, temos uma sequência muito boa, porém eu ainda acabo preferindo o primeiro. Em inglês, esta crítica aqui levanta questões apresentadas que foram mais contadas do que demonstradas (o que os americanos chamam de "show, don't tell"), e por que isto enfraquece o filme. Achei uma crítica interessante, vale à pena ler.

Mickey Rourke e Sam Rockwell jogando pelos inimigos estão ótimos, mas Gwyneth Paltrow me pareceu sobrando, especialmente com a aquisição da dona moça ai de baixo, no papel de Natasha Romanoff, a Viúva Negra, personagem da Marvel, originalmente espiã desertora soviética e, é claro, Action Girl residente. A "Pepper" de Paltrow se resume à mocinha indefesa que, por mais que seja parte muito importante do drama de Tony Stark em não ser Tony Stark, coisa que ele aliás ama mais do que a própria vida... ela ainda precisa ser resgatada.

Helloooo, you again!

Os narcisistas irrecuperáveis - todos eles - de Robert Downey Jr. nos dão ótimas horas de entretenimento de primeira linha, ótima diversão, para fãs e casuais. Novamente, espero que sua carreira não se resuma a isso. Mas que venham as sequências!

terça-feira, 4 de maio de 2010

Moça com Brinco de Pérola

Moça com Brinco de Pérola: a assim-chamada Mona Lisa holandesa.

Moça com Brinco de Pérola é um quadro de cerca de 1665, pintado pelo holandês Johannes Vermeer (1632-1675). Não fez muito dinheiro, nem tanta fama quando vivo, deixando a família endividada após sua morte. Seus quadros foram apreciados somente mais tarde, e sua técnica e composição reconhecidas como as de um verdadeiro mestre da pintura. O apelido de Mona Lisa holandesa se deve à expressão não exatamente clara, em suas emoções, que pode ser vista no quadro.

Em 1999, a autora Tracy Chevalier, especializada em romances históricos, escreveu um livro sobre o autor e o quadro, explorando questões sem resposta sobre quem seria a modelo, por exemplo, e sua relação com o pintor.

Em 2003, o romance virou filme, dirigido por Peter Webber, com Collin Flirth e Scarlett Johansson. Conhecia de ouvir falar, não tinha visto até ontem de madrugada. Foi uma surpresa completa.

O filme leva, visualmente, a padronagem de cores e luzes típica das obras de Vermeer. É daqueles casos que parece que o diretor de arte ou de fotografia tomas as rédeas da direção. Em geral, isso torna filmes chatos e longos. Neste filme, entretanto, apesar de cada cena parecer ser um estudo de Arte, tudo é calculado e proposital. Não é um filme de ação, não é um filme de palavras: mas de luz, sombra, cor e sentimentos.

A modelo real do quadro é uma figura anônima. Entra Griet, moça humilde que, para ajudar nas finanças de sua casa, depois que o pai é acometido por cegueira, torna-se empregada em uma família de certas posses. É a família de Vermeer, com esposa, vários filhos, e uma sogra dominante, viúva, que toma conta das finanças da casa. Vermeer é apresentado como sendo ausente, absorto por sua arte. Nada mais lhe parece interessar muito. Há uma tensão no ar, especialmente em se tratando de questões financeiras. Griet apenas é mais uma empregada na casa, tenta não se envolver em nada, parece que não respira na maioria das vezes, temendo em importunar, ou, como sempre ocorre, ser repreendida.

Aos poucos, surge uma relação com Vermeer, tornando-se sua assistente, e demonstrando interesse e compreensão sobre todo aquele mundo em que o pintor vivia, sozinho até então. Cabe notar que são dois personagens que quase não falam, se comparados aos ao redor, salvo quando entre si - e ainda assim, não muito parece ser requerido.

A história corre para longe do estereótipo, onde esse tipo de comunicação e diálogo leva a romances físicos. Não, é de sutil sensualidade. É uma relação em segredo, como uma traição: o aprendizado da moça é mantido em segredo, para não antagonizar a esposa. A nudez de Griet está em seus cabelos. E o auge de tudo é a pintura do referido quadro, em que o brinco de pérola é dado a ela, como detalhe final para a confecção da pintura, com ela já posando - a cena dele furando sua orelha, que nunca havia feito, é particularmente significativa. E o brinco é da esposa, que de nada sabe... e com a sogra encobrindo.

Agora, dêem uma boa olhada nesta foto de Scarlett Johannson:

Hellooo you guys!

Timidez não é o caso, correto? Pois é. Olhem agora.

Girl can act.

Michael Caine disse, em entrevista, que o que difere o "astro" do grande ator é que o primeiro amolda o personagem à sua imagem, enquanto que o segundo faz o contrário: amolda sua imagem ao personagem. Johannson já havia feito uma "girl next door" sem nenhum problema em Lost in Translation (também em 2003, Sofia Coppola) em um papel que, por motivos diferentes porém legítimos dos de "Moça...", angaria simpatias do público. Em 2004 ela chegou a ser indicada para Melhor Atriz pelo Globo de Ouro, e não ter ganhado foi simplesmente uma injustiça - para não dizer concorrer aos Oscar de Direção de Arte - Cenário, Cinematografia e Costume Design, todos devidamente arrebatados pelo furacão de O Senhor dos Anéis quando não O Mestre dos Mares).

Atualmente podemos vê-la em filmes que não dependam tanto de sua capacidade artística quanto de seus dotes - wink, wink. Enfim, é a máquina.

Johannson: o trabalho impressiona.

Fica, então, o resultado de se ver talento em um dito filme extremamente artístico. Uma experiência enriquecedora. Altamente recomendado.

segunda-feira, 7 de dezembro de 2009

Fim de ano animado!

Dois filmes chamam a atenção da mídia e do público neste fim de ano, e estão a aportar nos cinemas brasileiros. Ambos têm em comum a animação!

Sexta próxima, dia 12, teremos A Princesa e o Sapo, da Disney, sendo o primeiro desenho animado da Casa do Mickey que basicamente é animação a traço desde o fraquíssimo A Vaca vai pro Brejo (e como...), quando os executivos de então deram por encerrado fazer animação "de traço" porque, segundo as antas d'antanho, "3D é o que vende hoje em dia", tendo como base as cifras de Shrek e o que saia pela Pixar, em comparação com obras automaticamente cheirando a mofo como Irmão Urso (Disney) ou Spirit - O Corcel Indomável (Dreamworks), para não dizer a infelicidade financeira de projetos caríssimos como Atlantis e O Planeta do Tesouro (este, o primeiro caso sofrido pela Disney de prejuízo vindo de uma longa de animação).

Mas desde que parte do staff criativo da Disney é da Pixar, logo após a compra desta por aquela, esta bobagem - que custou o emprego de 300 animadores do dia pra noite - acabou.

A Princesa e o Sapo tem, ainda, a primeira "princesa Disney" que é negra, e há uma certa sensação sobre divulgar isso. Aparentemente o não-caucasianismo da Princesa Jasmin, de Aladdin, não contou. ;-) A trilha sonora, da última vez que soube, é jazz "raiz", bem das antigas. Acho, inclusive, que a estória se passa na Nova Orleans de 100 anos atrás, ou algo assim.

Sexta, 18 de Dezembro, teremos o tão aguardado Avatar, de James Cameron. Apesar de ser um filme 'filmado', live-action, ele tem sequências inteiras de computação gráfica 3D, especialmente quando no mundo alienígena onde parte da trama se passa. Meio o caminho trilhado pela nova trilogia de Star Wars, The Matrix, o O Senhor dos Anéis e outras obras, onde a inserção de computação gráfica 3D passa, de mera "decoração", a um elemento importante na narrativa, indo além dos cenários para montar, ou co-montar personagens irreais, contracenando com atores.

Vamos ver como ficarão!

sábado, 9 de maio de 2009

Star Trek

Star Trek: Once Upon A Time...

Era uma vez uma série nos anos 60 na televisão americana que contava histórias de ficção-científica, sobre uma tripulação multinacional e étnica, de uma era em que a Humanidade estava unificada sob uma regra benevolente, havendo encontrado alienígenas que haviam ou se aliado em uma pacífica busca pelo conhecimento estrelas afora, ou à ela se oposto francamente, gerando inevitável conflito.

Era uma série em que não bastava apertar o gatilho todas as vezes. Havia momentos em que se questionava sobre apertar o gatilho, ou mesmo se violência era a melhor solução, assim como suas consequências. Sim, havia essa série, que ousava propor questionamentos éticos e dilemas morais, por mais rasos que pudessem ser dentro das limitações do formato - mas eles tentavam. Mesmo. Acreditem, essa série existiu.

A série durou, entretanto, apenas três anos, com problemas entre audiência e grade de programação, com o último ano recheado de episódios de baixa qualidade em suas histórias.

Um belo dia, dez anos após o encerramento ou quase, fizeram um filme. Um filme grandioso, kubrikiano em mais de um sentido, mostrando a velha turma um pouco mais... velha. E ai fizeram outro filme. Sensacional, resgataram um vilão da velha série, foi duca. Fizeram um terceiro. E um quarto. Um quinto. Um sexto. Fizeram também, a essa altura, uma nova série, passada 80 anos depois ou quase, dos eventos da primeira série. Fizeram mais outra série, e outra, e outra. Também fizeram mais quatro filmes.

Mas talvez tenham feito demais. Mas como resistir? Era lucrativo demais para não se manter o nome vivo - fora jogos e uma miríade de produtos franqueados. Uma galinha dos ovos de ouro. Não obstante alguma coisa ter se perdido... menos ideais, mais expediência, talvez. Mais histórias em cima de efeitos especiais. Reciclagens de velhos temas abordados, apresentados sob novos efeitos. Algo simplesmente não dava mais certo.

Star Trek: To The Absent Friends

Há dez anos ou o que seja que eu me refiro a Jornada Nas Estrelas como um querido amigo de infância, companheiro de todas as horas, e até de início de adolescência, mas que lá pelas tantas passou a se envolver com más companhias e drogas pesadas: eu o trato com preces, saudades, e uma saudável distância.

Mas ai, é claro, quando ele aparece, fraquejo, e vou vê-lo. Apenas para constatar que nada mudou, ou que assim todos nos enganamos, ou que as supostas melhoras aventadas apenas me fazem sofrer mais um pouco.

É sério. Eu fui ao cinema após longos meses de preparo psicológico, baixando como podia minhas expectativas, conforme explico um pouco mais abaixo. Eu fui com o coração tão aberto quanto pude - até com um certo entusiasmo, face à mudança do comando criativo da franquia. Eu achei que eu ia realmente curtir. Eu não achava que ia ser o ó do borogodó, eu achava que iria ser melhor do que pérolas como Insurrection ou Enemesis. Claro que isso devia ser obrigação, e não mérito, por um lado. Eu havia visto o trailer. Tudo colorido, tudo brilhante, e, de fato, tem um lens flare a cada cinco minutos, ou quase. Parecia divertido, um ótimo combate de naves, saltos de para-quedas de órbita, mais naves! Ok! Yaaay! Mas não vamos esperar mais do que isso - ei, Jornada nas Estrelas II e III são, em essência, aventuronas. Que mal há nisso? Não vamos esperar mais do que isso, repito.

Ou vamos?

O filme de J.J. Abrams tira das mãos dos responsáveis pelo afundamento da franquia, quebrando com um formalismo oriundo da segunda série de tv (caracterizada nos últimos quatro e cada vez mais desastrosos filmes), e indo na direção de algo mais aventuresco, concluído do que seria a série original dos anos 60.

Star Trek: All That Glitters

Até ai, ok, ainda que J. J. Abrams seja mais conhecido por hits de cinema (Cloverfield) e tv (Alias, Lost) que não precisem exatamente de muito conteúdo. Entre alguns amigos, havia a piada que repetíamos, "Gente!... é filme do J. J. Abrams!... vai ter gente bonita!... vai ter muita ação!... fotografia fodona!... altos efeitos especiais...! vai ser UMA MERDA!"

Ah, então é feio ter gente bonita, muita ação, fotografia fodona e altos efeitos especiais? Não, claro que não é, tá maluco?

O que é feio é só ficar nisso, especialmente se você leva o nome Star Trek na jogada, e ainda por cima quer remeter à velha série. Aquela mesma série que, ao contrário de todas as outras de FC dantanho, salvo Além da Imaginação, apesar de ser uma proposta bem diferente, era uma série que falava de racismo, males da guerra, códigos de conduta, etc, etc, e tal - podia fazer pensar E divertir - ei, revolucionário, não?

Star Trek: I Don't Give a Frak Anymore

Mas, já que vocês estão chegando até aqui, eu vou lhes contar o que realmente me fode nesse filme. Não, não é o apelo ao impetuoso-porém-sempre-certo. Não é a bicada na cronologia que existe além da questão da interferência temporal. Não é o fato de que os dois planetas centrais à trama se chamam Vulcan e Iowa. Não é o fato de se ter tanto, mas tanto e tanto já feito, e assim mesmo se abrir mão disso tudo em nome de liberdade para "criar". Não, também não é o fato de outra maldita viagem no Tempo. Não é o fato de, e sacaneio, um mineiro revoltado do Século XXIV ter conseguido fazer o que a Coletividade Borg não conseguiu. Não é o fato do vilão ser o segundo romulano com uma nave do Juízo Final na segunda vez consecutiva. Não é o fato de, apesar de ser Star Trek, a Astronomia não fazer mais sentido do que se fosse na velha série de Perdidos no Espaço. Não é o fato dos vulcanos não me convencerem. Não é o fato de sentir que nem Leonard Nimoy funciona como Spock.

Eric Bana: mineiro revoltado.

É o fato de ser mandatório gostar desse filme. Que os que não gostarem passam a "não saber o que estão perdendo". E quem tenta argumentar é "nerd chato babão". Que basta ser uma "aventura despretensiosa" - quando não há NADA, aprendam, NADA de despretensioso em qualquer projeto de milhões de dólares - para se passar a mão na cabeça por todas as suas incoerências. Eu odeio o discurso da simploriedade. E esse filme é simplório para caralho. Mas se FC reflete a mentalidade do tempo em foi escrita, então esses são os tempos da simploriedade. Filmes para o Homer Simpson não precisar entender.

E ai de quem um dia quis mais.

domingo, 5 de abril de 2009

Monstros vs Alienígenas



Assisti ontem Monstros vs. Alienígenas. É o mais novo lançamento da Dreamworks (Shrek), a criançada no cinema pareceu curtir. Vi numa sessão infantil, arrastado por um amigo meu que queria ver a quantas andava o 3D da coisa, ok.

Os óculos não eram descartáveis, o que me deixou cabreiro. Pedi informações, informaram-me que após cada sessão eles eram submetidos a um banho químico e não sei mais o que. De fato, os tais óculos - que até chip antifurto tinham - estavam até com um cheirinho de sabonete, ou algo assim. Devia ser era um desinfetante da porra, daqueles que dissolvem seu dedo se mergulhado por 20 segundos, mas, ok.

Achei meio cansativo, ainda que impressionante, o 3D da coisa. A sessão terminou, senti os olhos ardendo um pouco, estando incômodo até agora. Nota: eu uso óculos, ou seja, não sendo aqueles de grau, foi um sobre o outro. Talvez seja por isso. Enfim.

A animação foi feita pensando na projeção 3D, isso me pareceu claro, face os ângulos, close-ups e enquadramentos.

A história é sobre um grupo de monstros mantidos em custódia e segredo pelo governo americano que acabam sendo a única possibilidade de defesa, face uma invasão alienígena.

Tirando isso, é um filme que tem uma segunda leitura que os mais adultos e mais nerds podem reconhecer: os monstros são inspirados em filmes B dos anos 50 e 60: O Monstro da Lagoa Negra, a Bolha Assassina, um monstro gigante japonês (inspirado em Mothra), A Mosca da Cabeça Branca e a protagonista, que é a Mulher de 50 pés de altura, que até ganhou refilmagem com a Daryl Hannah. Fora uma penca de outras referências de shows similares na mesma nerdsfera.

Curiosamente, a história ainda passa por um desenvolvimento similar ao que se vê em obras como "Shrek" (um dos diretores dirigiu Shrek 2, aliás) e Hellboy 2, a do monstro de bom coração que ajuda a todos e que continua sendo tratado como lixo. Pode ser um tema legal a ser passado para a criançada.

A história lembra um pouco o retumbante Os Incríveis (da Pixar), e não só pelo character design dos humanos


(que, ok, não é história), mas a idéia de brincar com referências cinematográficas de FC, super-heróis e filmes de aventura (espionagem no caso do primeiro, terror-B no caso deste de agora), ou seja, com um referencial cultural mídia-de-massas, está lá. Penso se as referências de videogame não durarão a entrar, se é que já não entraram (sim, já entraram, vira e mexe a geração Atari é de alguma forma representada. Mas lances mais recentes, digo, dos quais não tenho idéia).

Confesso que gostaria de ter visto o lado alien-referencial ter sido explorado da mesma forma, mas infelizmente só havia um alienígena que foi o modelo de todos os outros, este juntando as referências básicas de ser cinza e cabeçudo. Há um quê dos trípodes marcianos, mas fica tudo muito quieto, digamos, em termos de referência.

Eu não sei a quantas anda o cinema 3D, ou se Ms x As é algum breakthru. Só sei que recomendo, a dublagem está boa (Guilherme Briggs, o eterno Freakazoid, roubando a cena, como sempre), a criançada na minha sessão curtiu (especialmente o 3D da coisa).

Recomendo, é bastante divertido, no saldo final.

terça-feira, 24 de março de 2009

Os Bastidores de Watchmen


Dificilmente haverá uma obra dentro das HQs de super-heróis mais importante do que Watchmen, a mini-série em doze partes (aqui no Brasil, originariamente em 6 volumes) escrita pelo genial Alan Moore e desenhada pelo mestre Dave Gibbons.

É contemporânea a Batman - o Cavaleiro das Trevas (esqueçam o filme de mesmo nome, seus méritos são outros), de Frank Miller, outra obra que redefiniu o gênero, para o que há de bom e de ruim feito depois.

Adaptá-la era considerado um feito impossível, e após muitos e muitos anos, o impossível foi dispensado (disseram o mesmo de O Senhor dos Anéis), em um filme que só os puristas, dentre quem não leu a HQ original, não gostaram.

O filme é, por sinal, maravilhoso, "seguindo a cartilha" quando dá, e tendo soluções muito bem sacadas, mesmo, em prol da adaptação.

Os Bastidores de Watchmen (editora Aleph, 2009) é baseado nos estudos de Gibbons para a obra, além de histórias envolvendo a produção da série. E haja estudos. E mais estudos. E estudos. Personagens, enquadramentos, cor... quem é mestre, faz e ensina. Imperdível para amantes de quadrinhos e design gráfico.

sábado, 2 de agosto de 2008

Desenho animado dublado...

1) Ok, o público-alvo primário é o infantil (que é o mais rentável mercado de DVDs, diga-se de passagem).

2) Ok, que me dizem, o trabalho tanto de tradução quanto de interpretação - salvo 'famosos' da vez, como o Bussunda - vêm melhorando nos últimos anos.

3) Ok, os dubladores se organizaram, e batalham cada vez mais oportunidades de trabalho para si.

Errado então sou eu que a) sou adulto que gosta de desenhos animados, b) que tem domínio até razoável de inglês, podendo identificar e curtir piadas no idioma original e que c) acredita que entretenimento deveria significar opção.

Enfim...

quarta-feira, 23 de julho de 2008

Batman - O Cavaleiro das Trevas

Spoilers abaixo.

Assisti. Gostei, enquanto filme de Super-Heróis, dou nota 9.

Ok, Heath Lodger é o Coringa, e sempre será. Ele realmente leva o filme, e Aaron Eckhart também manda muito como o Duas-Caras.

Gostei de ver uma Gotham City menos quadrinística e mais realista. A fotografia não puxava para certos exageros coloridos, a idéia toda era uma trama mais densa, psicologicamente, até. É o Batman dos quadrinhos como A Piada Mortal ou O Cavaleiro das Trevas, que foram sumariamente ignorados na época pelo senhor Tim "eu nunca li quadrinhos do Batman" Burton, resultando em filmes merdianos. Sabem, ler quadrinhos aqui é fazer o dever de casa. E dado o grande número de citações, sutis, na maioria delas visuais, o dever foi muito bem feito.

Elenco que tem Gary Oldman, Morgan Freeman e Michael Caine não pode dar muito errado, convenhamos. Infelizmente, talvez haja um excesso de personagens na trama, o que às vezes me passou a idéia de algo meio burocrático (não tão ruim como Indy IV, decerto). Deu também a impressão que algumas montagens me pareceram excessivamente confusas. Pelo menos a cena da invasão da cobertura do Bruce meio que foi corrida, e de repente acabou, digamos. No mais, o dilema final lembra muito os de Homem-Aranha 1 e 2. Claro que o aracnídeo deu mais sorte e pôde salvar Mary Jane E um ônibus cheio de gente; e o ranzinza povo de NY topou encarar Otto Octavius para defendê-lo.

E é bom ver o diretor se corrigindo do primeiro filme, onde Batman deixa pra morrer Ras al'Ghul. Nyet.

Havia crianças pequenas na sala. Não sei se é boa idéia, tem umas coisas ali que talvez possam impressionar.

quinta-feira, 19 de junho de 2008

O Incrível Hulk

Spoilers, tá, gente?

Uma lição que nós temos desse filme é que é os Super-Heróis podem ser das propriedades intelectuais mais difíceis de se ter um trabalho (por demais) autoral, especialmente se falamos em cinema: ele são por demais prisioneiros do gosto popular e da cultura pop.

É só comparar com o Hulk de Ang Lee, que apesar de alguns momentos interessantes, teve coisas absurdamente desnecessárias além um roteiro sobrecarregado de dramas, não obstante Eric Bana e a estonteante Jennifer Connely como Betty Ross. Ou lembrar dos filmes de Batman do Tim Burton, que publicamente dizia nunca ter lido nada nos quadrinhos do personagem (e que só parecem que são bons hoje porque logo em seguida vieram os filmes do personagem dirigidos pelo Joel Schumacker, para realmente se saber o quão ainda podia se piorar).

O Incrível Hulk é mais um filme produzido pela própria Marvel, ao invés de outros estúdios, e é um filme bem mais ao gosto do fã, com bastante ação e direto ao ponto, porém mantendo a carga dramática do personagem.

Ignorando o filme de 2003, este filme começa, entretanto, onde o outro teoricamente pararia, com Banner longe de tudo e de todos, tentando encontrar uma cura, ao mesmo tempo que tenta se esconder, após sua terrível origem -- contada em retrospecto em flashes pelos créditos de abertura, uma maneira ágil e bem sacada de não ter que repetir tudo que um outro filme recente, bem ou mal, já apresentou.

Mas também não é a mesma origem do outro ou a clássica dos quadrinhos, mas, surpresa: tem muito a ver com a antiga série dos anos 80 (e aqui também temos outra participação de Lou Ferrigno), com um experimento em laboratório mal-sucedido (aparelhagem bem similar à cadeira de raios-gama). A vida itinerante de Banner é explorada, e em dado momento até aquela música triste ao piano, no final de cada episódio, é tocada - ei, tem Jack McGee no filme! Um Jack McGee, pelo menos.

As referências nos quadrinhos dão a mão à linha Ultimate, como foi com o excelente filme do Homem de Ferro, e o elo entre os filmes continua sendo construído: dessa vez é o próprio Tony Stark - sim, por Downey Jr. - que vem falar de um grupo sendo montado ao final do filme (mas não dos créditos) ao General Ross (pelo sempre ótimo William Hurt).

Falando em elenco, todos estão muito bons: o citado Hurt; Edward Norton, versátil como sempre; o ótimo Tim Roth como o Abominação e, bem, pena que Jennifer Connely tenha sido cartucho queimado no outro filme. A princesa elfa que me desculpe, mas os olhos-gama de La Connely são insuperáveis.

Além da presença de Stark, a semente está lá para futuros filmes, na promessa do surgimento de um clássico vilão do Hulk.

É, de fato, uma boa época para os filmes da Marvel, e de Super-Heróis em geral. Sugerindo que O Homem de Ferro tenha nota 10, este filme é nota 8, mole.

Nos trailers, o do novo Batman, uma refilmagem em 3D de 'Viagem ao Centro da Terra' (galera da labirintite, cuidado: vertiginooooso...), um teaser de Kung Fu Panda e o meu próximo filme esperado, a comédia de Super-Heróis Hancock.

domingo, 1 de junho de 2008

Indiana Jones e o Reino da Caveira de Cristal...

... nem creio que já ia deixando de comentar.

Há quem ache que é o mais fraco dos quatro, eu não tenho certeza, precisaria rever o terceiro, do qual não sou particularmente grande fã. Acho que em 89 o Spielberg genial dos filmes com maluco como 'Encurralado', 'Tubarão' e 'Contatos Imediatos do 3o. Grau' foi substituído pelo Spielberg família, pela-saco, cheio de concessões e babação, tudo em prol da família, nhenhenhé. George Lucas em 83 já demonstrava isso. Indi não mata ninguém de tiro, se não me engano, nesse filme.

O filme tem um excesso de gordura no elenco. Se comparado ao segundo filme ('O Templo da Perdição', que cada vez aprecio mais), que desliza apenas com três protagonistas, o filme tem que contar com Indy, Mutt (o jovem parceiro), Maryon (o interesse romântico do herói, com a diferença que é o antigo amor do primeiro filme, até tem umas cenas legais pra ela), John Hurt (como reserva moral geriátrica, talvez, como observou um amigo meu, em substituição a Sean Connery) e o cara que serviu de modelo pro Beowulf como traíra de plantão -- sendo que os três últimos pareceram desnecessários entre o meio e o totalmente.

É engraçado comparar com Máquina Mortífera 4, em que existe também ação, comédia, e procura um sentimento de família entre os personagens do elenco -- mas que não se preocupa em fazer concessões. Se não me engano o filme que apresentou Jet Li ao Ocidente, MM4 senta o dedo e quebra o pau como todos os demais da franquia.

Apesar do que, ainda é um filme muito bom de ação e aventura. Ainda é Indiana Jones. As mentiras estão lá, para pular na cadeira, para rir e para os obtusos acharem 'um absurdo'.

Uma característica interessantíssima dessa história é o investimento das lendas do Século XX: diferentemente de, por exemplo, o Cálice Sagrado, IJ IV investe em coisas como a queda do disco-voador em Roswell, o programa soviético de percepção extra-sensorial e os crânios de cristal do nome do filme, que certos médiuns afirmam que olhar em suas órbitas garante comunicação com entidades de esferas superiores ou quetais.

É um filme que faz a transição da 'era Pulp', da literatura de aventuras impressas em papel vagabundo das primeiras décadas do Século XX -- e de onde vem 'Doc Savage', 'O Sombra', e até mesmo 'Tarzan' --, para a Ficção-Científica, sua descendente natural. Já capta o clima de Guerra Fria e a paranóia anti-comunista americana, uma temática comum dos filmes do gênero durante os anos 50.

Tirando uma ou outra cena realmente desnecessária (o que foi aquilo com os malditos macacos?), continua sendo diversão garantida. Ainda deverei rever.

segunda-feira, 5 de maio de 2008

quarta-feira, 9 de abril de 2008

Vamos dar uma forcinha? :-)

Fonte: O Globo On-Line.

"RIO - O diretor alemão Uwe Boll, reponsável por versões para o cinema de games como "House of the dead" e "Alone in the dark", poderá encarar uma aposentadoria forçada graças a um abaixo-assinado na internet. Segundo o jornal "The Guardian", a petição pede que Boll "pare de dirigir, produzir, ou participar de qualquer tipo de criação de filmes". E se conseguirem um milhão de assinaturas, os organizadores podem mesmo conseguir o que pediram.

Ao ser informado de que 18 mil pessoas tinham participado do abaixo-assinado, em entrevista ao site especializado em filmes de terror "FEARnet", Boll desdenhou: "18 mil pessoas não são suficientes para me convencer". O diretor afirmou que estaria disposto a abandonar o cinema caso um milhão de pessoas assinassem a petição.

Poucas horas depois da entrevista entrar no ar, o documento virtual já contava com 48 mil assinaturas e, na manhã desta quarta-feira, já havia chegado a 133 mil.

Boll é chegado a uma polêmica. Em 2006, ele convidou quatro críticos que haviam destruído seus filmes para lutar contra ele em um ringue de boxe em Vancouver, no Canadá."

O cavalheiro em questão, para quem não conhece, percebeu um filão: filmes baseados em videogames. Considerando que videogames hoje em dia podem chegar a contar uma história, independente do tempo de jogo em si, por bem mais tempo do que filmes, em tese dá para fazer adaptações compactando essas histórias, e é disso que ele foi atrás. Só que o que ele fez foi muito ruim, pura e simplesmente. Ruim do tipo, nem dá pra rir, como bons filmes ruins fazem. :)