quinta-feira, 16 de junho de 2011

Os Donos da Verdade

"Os documentos históricos, que fazem parte de nossa história diplomática, e que tenham articulações como o Rio Branco teve que fazer muitas vezes, não podemos revelar esses documentos, senão vamos abrir feridas".
Com essa explicação, o velho Senador procura justificar o injustificável: a de que o Brasil tem donos da verdade. E ela não pode vir brincar aqui fora. Deve ser muito feia. Um arrimo de família, meio devagar, para o tamanho que tem. Fica logo evidente. Pega mal, o que a vizinhança vai dizer?

Eu diria que é feio, mas é nosso (ao contrário do que falo de parte da programação do Canal Brasil: meu, uma ova), mas sem nenhum orgulho. Ao invés disso, deveríamos sempre ter a objetividade que pudermos, denotando como isto ou aquilo se deu, e conotando lições que nos façam uma sociedade minimamente melhor: sabem como é, quem não conhece a História corre o risco de repetí-la.

E ainda, a parte do é nosso. Porque é. Nossa História. Temos direito à ela.

Com algumas palavras-chave riscadas, levou menos de 40 anos para o governo americano liberar arquivos sobre a Guerra do Vietnã. Países costumam ter legislações a respeito disto, liberando o máximo que se pode (lembro de um então amigo meu, inglês, cujo avô havia trabalhado para a inteligência britânica na II Guerra Mundial, e na segunda metade dos anos 80 ainda recusava-se a comentar certos eventos: certas ordens ainda estavam valendo).

Mas o Brasil não abre arquivos desde a... Guerra do Paraguai! Isto é um pouco abusivo, para se dizer o mínimo. E quem dá esse critério? Uma mesma "elite pensante" - muitas, muitas aspas nessa hora - que sempre julgou saber o que é melhor para o povo, e apenas manteve um status quo para si e os seus? Não, obrigado.

Mas o que esperar de um Senado que, até pouco tempo, em sua exibição histórica, teve o impeachment desse mesmo Collor um evento ignorado, uma coisa menor, até a chiadeira surgir (se estiver sendo injusto, avisem: mas eu não vi o Senador Lindberg se manifestando aqui...)?

Em tempos de dita abertura dos arquivos da ditadura, pelo paradeiro de pessoas sumidas cujos parentes ainda clamam saber, isto tudo parece um contra senso, um verdadeiro retrocesso, e por que não, um paradoxo...

Agora, uma Marcha pela Verdade, nem pensar, não?

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