sábado, 28 de março de 2009

Kill Bic

Há pouco tempo atrás, a Bic - sim, a marca de esferográficas - alcançou a marca de 60 bilhões de unidades vendidas. Há uma média de 10 canetas Bic para cada habitante do planeta. Sob um certo aspecto, a Bic é um grande símbolo de sucesso da Revolução Industrial, com praticidade, acessibilidade financeira, replicação, etc. Está sem caneta? Se no trabalho, puxe alguma gaveta, estenda os braços ao redor ou simplesmente peça emprestado a quem estiver mais próximo: provavelmente em 10 segundos você poderá estar escrevendo.

Ok, até ai? Pois bem.

Pouco tempo atrás, uma senhora conhecida minha tomava notas em um prestigioso centro cultural em São Paulo, localizado na Av. Paulista. Com sua pequena, humilde, e impessoal caneta Bic. Uma atendente se dirigiu a ela e pediu que não escrevesse com a caneta, pois ela poderia estourar e prejudicar o andamento do centro.

Não, não estou inventando nada disto. Pensem: é idiota demais para não ser verdade.

Fico pensando agora que a Bic deve estar por trás, se não for a fachada, de um plano terrorista de dominação global. Dez bilhões de canetas ao redor do mundo. Onde quer que haja uma pessoa letrada, ou uma criança desenhando. Hospitais, escolas, fábricas, escritórios, bases militares, palácios de governo, nas valises, nas mochilas escolares, no bolso das roupas. Sentadas, deitadas ou andando, ninguém - NINGUÉM - está a salvo.

Sesenta bilhões de pontas de tungstênio - e eles se vangloriavam disso na televisão, aqueles caras de pau! - sendo disparadas ao mesmo tempo, em todas as direções, contra tudo e contra todos, sem discriminação de classe, credo ou cor. Imagino já centros comerciais como a Wall Street, ou mais humildemente nossa Av. Rio Branco, com borrões azuis-marinho em suas fachadas, escorrendo por janelas, pessoas caídas na rua, com seus corpos já automaticamente demarcados por onde a tinta não escorreu.

O mesmo ocorrendo pela Avenida Paulista inteira - inteira? Não! Há um prestigioso centro cultural que a isto anteviu, e ele permanece limpo, incólume, funcional, em meio ao pandemônio melecado em que se tornou a sociedade.

Não há datas para isto, mas suspeito de 24 de Dezembro de 2012 - ao menos o tal calendário maia está na moda, deve ser por algum motivo.

E a tal senhora, o que fez? Pegou, obediente, um lápis e pôs-se a escrever...

... claro, mal sabendo o prestigioso instituto que, secretamente, há uma conspiração da indústria do lápis encabeçada pela Faber-Castel para entupir os filtros de ar-condicionado com poeira de grafite (não riam! Aconteceu isso na finada estação espacial soviética!), além de acidentes provocados por assassinas pontas quebradas voadoras. Cultura gera Medo, senhoras e senhores. Não escrevam mais, apenas digitem com seus amiguinhos de todas as horas, os teclados.