terça-feira, 8 de dezembro de 2015

terça-feira, 18 de junho de 2013

Meninos, eu vi, e posso contar...

Pois é, então estive lá.

Comecei encontrando, conforme combinado, com meus ilustrissimos Daniel Da Costa Bezerra e Ana Carina, e ainda Paulo Henrique, na Pça XV, em concentração um grupo ligado às artes cênicas cá no Rio. Tudo ótimo, fim de tarde e tal.

Na saída, descendo a 1o. de Março, uma bandinha do núcleo dos manifestantes tocava sambas e canções de amor. Vi um guarda em uma motocicleta fazer uma saudação. Ganhou flores e deu abraços em retribuição. Gentileza gera gentileza, pelo visto. Só ia ver novamente polícia logo no início da RB, uma fileira que olhava, atenta, mas nada, nem um ato ou gesto agressivo ou intimidante: apenas exerciam sua função. Mas me adianto.

Descemos e demos a volta pela Candelária. A tarde caía rápido. Não sei onde está o raio do cabinho do celular, fico devendo fotos e filmes. Mas estava muito legal.

O problema, o problema ao meu ver, logo se prenunciava, embora ainda não soubéssemos disso. Um carro de som com bandeiras de partidos, sindicatos e aloprações em geral gritava alguma coisa. Não lhes demos muita trela. Embicando na Rio Branco, subitamente, qual um autêntico 'bonde do terror', desce a galera dos partidos: bandeiras vermelhas. PSTU, pelo menos. Mais algumas coisas. Entrou dividindo, entrou pra empurrar. Não foi chegando, nem veio para se enturmar. Entraram, e ficaram em um trecho sempre à frente e na metada direita da RB, do ponto de quem desce o sentido do trânsito.

Mas até aí, tudo bem, que diabos, se a rua é pública, a manifestação ainda é mais. Gente por todos os lados, recebendo dos céus papel picado e luzes piscando dos escritórios, sempre que os chamávamos, "vem pra rua!" "vem pra rua!" Aplausos e sorrisos. A inevitáveis palavras de ordem, "Fora (insira o nome de governante)". Normal. Daniel, sempre acompanhando o rádio, ouve que a tropa de choque estava no quartel. Depois do horror de domingo, parece que alguém tinha resolvido deixado cair a ficha finalmente.

Uma longa caminhada, que junta coisa de cem mil manifestantes, que por fim desagua na Cinelândia. A satisfação de participar de algo tão maior e tão significativo. Fomos nós três tomar algo em um dos bares ali pelo Odeon, onde vimos, assombrados, o que acontecia em São Paulo, e o que acontecia em Brasília, com aquelas sombras mágicas correndo pelo Congresso. Júbilo, êxtase, alegria. Uma coroação por algo tão bonito.

E aí vieram as imagens do Rio de Janeiro. Não o que participáramos somente - mais assombro por sermos tantos! - mas as imagens da ALERJ.

Eles. É claro. Os embandeirados. Os de siglas infinitas, tanto quanto infinitamente insgnificantes. Que tentavam dar uma de líderes do movimento ao longo do caminho, e que só tomavam vaia, uma atrás da outra. Aos poucos, nossas palavras de ordem os incluíam, "Sem partido!", "Sem partido!" e "Não me representa!" "Não me representa!", "Oportunista! Oportunista!" e a favorita "PSTU, vai tomar no c*!". Um dado momento da marcha, rolou um corre-corre, aliás, vindo do lado das bandeiras. Acho que alguém perdeu a esportiva. Não sabe brincar, não desce pro play. Mas não deu em nada, que bom.

Mas aí, eles. Que no final, na Cinelândia, agrupavam-se, acotovelavam-se, acomiciavam-se, punham camisas ao redor do rosto e se preparavam para alguma coisa. Nós nos afastamos, eu realmente precisava me sentar um pouco, para renovar as forças. Um manifestante aconselhou uma amiga que acabara de encontrar, casualmente, a prender o cabelo por causa do gás lacrimogênio. Disse, ingênuo, que o Choque estava no quartel. Responderam-me, ambos, que a polícia estava ja ali, numa rua lateral - exatamente na direção da ALERJ. As imagens, dez minutos depois, mostraram que o perigo não era a polícia, e nem os manifestantes. Mas eles.

Eles, que não entendem que não há lideranças nesse movimento. Eles, que sozinhos não juntam cem mil nem fudendo. Eles, que não entendem que seu tempo já passou. Que seus métodos já passaram. Que seus textos sagrados de sua religião já passaram. Querem que eu desenhe um dinossauro com um meteoro caindo em cima? Pois é. Visualizem. Extinguam-se com dignidade, seus vermes. Deixe as mudanças virem. OU de próxima, venham à manifestação. Mas sem bandeiras. Apenas como brasileiros. Eu os desafio. Se forem homens para isso, é claro.

Claro que a resposta do Estado veio na forma da tropa de choque, que fez o que a tropa de choque sabe fazer. Notem: na imprensa deu que a tropa de choque estava no quartel. A hora da vandalização era essa.

Mas no meio do lodo, eu - que já havia me ido metrô afora - colho pequenas flores na forma de depoimentos. Um conta como esteve no quebra quebra da ALERJ, mas para por senso em quem fosse. Para proteger policiais. Ou como hoje várias pessoas lá foram, para ajudar a limpar a depredação dos falsos manifestantes. Digo falsos, porquê babaquice não me representa. Ou a tal vaquinha para o rapaz que teve o carro queimado.

É isso. Uma grande experiência, um grande fim de tarde e noite, na companhia de três bons amigos, quase cem mil deles. Recomendo. Viver a mudança, e ver a mudança.

quinta-feira, 17 de janeiro de 2013

Zé Brasil



Zé Brasil é o último livro de Monteiro Lobato, onde ali o discurso eugênico como fonte dos problemas do povo brasileiro é trocado pelo abandono do mesmo pelas autoridades que deveriam resguardá-lo, autoridades ao lado dos grandes fazendeiros e patrões. Pelo teor e por ter sido impresso pela gráfica do Partidão, foi tachado de obra comunista, e recolhido no governo Dutra.

"Mas como a gente há de saber, se cada um diz uma coisa? Jornal eu não leio, mas o Chico Vira lê e outro dia me disse que os jornais andam falando horrores do comunismo. Os jornais deles, está claro que dizem horrores. Mas os jornais comunistas, ou do Prestes, esses dizem as coisas do modo diferente. Em que vocês devem acreditar? No que dizem os Tatuíras e os jornais dos Tatuíras, ou no que dizem os homens que querem o bem de vocês? Os homens que padecem por vocês, como esse Prestes que já passou nove anos no cárcere, incomunicável, só porque em vez de decidir pela felicidade dos Tatuíras, se decidiu pela felicidade de Zé Brasil?"
Em tempos de Occupy, o discurso não envelheceu.

Supondo que alguém se importe, é claro.

domingo, 8 de julho de 2012


Assisti ao Espetacular Homem-Aranha. Impressões:

* É o "Spider Man de Christopher Nolan", insistindo em um ambiente urbano-sombrio, o que influencia naturalmente na paleta de cores do filme, ao invés do otimismo solar dos filmes de Sam Raimi. O mistério que se instala através do "Homem que Não Está Lá", mas sempre é citado, para demais continuações é outro exemplo disto, em contraste com a abordagem direta ao ponto dos filmes de Raimi do mesmo personagem.

* Andrew Garfield aos 29 anos convence mais como adolescente do que Emma Stone, aos 24. E faz um bom Peter Parker.

* Gostei da criatividade com a teia.

* Gostei de ver Parker mais como o gênio científico precoce que ele na verdade sempre foi, coisa mais sugerida do que demonstrada nos filmes de Raimi.

* Pena que não foi o ator Dylan Baker que fez o Lagarto, seu Curt Connor nos filmes de Raimi despertava simpatias.

* Para quem nunca leu - eu, inclusive - o destino dos pais de Parker finalmente foi explorado em uma história de espionagem, e eles aproveitaram isto.

* Sally Field e Martin Sheen mandam bem como Martha e Jonathan, er, May e Ben. Apesar do tio Ben aqui nunca ter dito explicitamente "com grandes poderes, grandes responsabilidades", isto é algo que Parker acaba descobrindo, a partir de outra conversa ele...

... mas é um filme desnecessário. Se fosse um reboot em prol de alinhavar o personagem com o universo dos filmes dos Vingadores, beleza. Mas, não sendo possível até por uma questão de estúdio... paciência.

De resto, grande a companhia: valeu de novo, Roberto!

quarta-feira, 6 de junho de 2012

Antologia Super-Heróis - seleção finalizada.


Pois é, finalmente escolhemos quem irá participar da seleção. 14 escolhidos, entre 111 trabalhos recebidos. Segue o link para comentários a mais, a relação está abaixo.

“Edição de Colecionador” (Romeu Martins);
“Novo Herói na Cidade” (Alex Ricardo Parolin);
“Ascensão e Cancelamento do Mais Infame Supergrupo de Heróis da Terra” (Pedro Vieira);
“Roda-Viva” (Gustavo Vícola);
“O Dia de Todas as Provas” (João Rogaciano);
“Herói das Urnas” (Roberta Spindler);
“O Doutor e o Monstro” (Gerson Lodi-Ribeiro);
“A Última Aventura do Pardal Mecânico” (Dennis Vinicius);
“O Grande Golias” (Luiz Felipe Vasques);
“Pela Terceira Idade” (Inês Montenegro);
“Sete Horas” (Gian Danton);
“Barlavento 1807” (Vitor Vitali);
“A Verdade sobre Raio Vermelho, uma Biografia” (Lucas L. Rocha); e
“Jaya e o Enigma de Pala” (Antonio Luiz M.C. Costa).

Não vou dizer que é meio bizarro ver meu nome de repente aí no meio.

O trabalho ainda não acabou. Estaremos fazendo a primeira revisão dos textos ainda esta semana.

Já comentei que estou achando tudo uma farra? Pois.


sexta-feira, 25 de novembro de 2011

Antologia SUPER-HERÓIS

Pois é, virei antologista. Junto à editora Draco e com Gerson Lodi-Ribeiro, estou co-organizando uma antologia de contos sobre super-heróis.

Mais detalhes aqui. Espero que curtam.

quinta-feira, 16 de junho de 2011

Os Donos da Verdade

"Os documentos históricos, que fazem parte de nossa história diplomática, e que tenham articulações como o Rio Branco teve que fazer muitas vezes, não podemos revelar esses documentos, senão vamos abrir feridas".
Com essa explicação, o velho Senador procura justificar o injustificável: a de que o Brasil tem donos da verdade. E ela não pode vir brincar aqui fora. Deve ser muito feia. Um arrimo de família, meio devagar, para o tamanho que tem. Fica logo evidente. Pega mal, o que a vizinhança vai dizer?

Eu diria que é feio, mas é nosso (ao contrário do que falo de parte da programação do Canal Brasil: meu, uma ova), mas sem nenhum orgulho. Ao invés disso, deveríamos sempre ter a objetividade que pudermos, denotando como isto ou aquilo se deu, e conotando lições que nos façam uma sociedade minimamente melhor: sabem como é, quem não conhece a História corre o risco de repetí-la.

E ainda, a parte do é nosso. Porque é. Nossa História. Temos direito à ela.

Com algumas palavras-chave riscadas, levou menos de 40 anos para o governo americano liberar arquivos sobre a Guerra do Vietnã. Países costumam ter legislações a respeito disto, liberando o máximo que se pode (lembro de um então amigo meu, inglês, cujo avô havia trabalhado para a inteligência britânica na II Guerra Mundial, e na segunda metade dos anos 80 ainda recusava-se a comentar certos eventos: certas ordens ainda estavam valendo).

Mas o Brasil não abre arquivos desde a... Guerra do Paraguai! Isto é um pouco abusivo, para se dizer o mínimo. E quem dá esse critério? Uma mesma "elite pensante" - muitas, muitas aspas nessa hora - que sempre julgou saber o que é melhor para o povo, e apenas manteve um status quo para si e os seus? Não, obrigado.

Mas o que esperar de um Senado que, até pouco tempo, em sua exibição histórica, teve o impeachment desse mesmo Collor um evento ignorado, uma coisa menor, até a chiadeira surgir (se estiver sendo injusto, avisem: mas eu não vi o Senador Lindberg se manifestando aqui...)?

Em tempos de dita abertura dos arquivos da ditadura, pelo paradeiro de pessoas sumidas cujos parentes ainda clamam saber, isto tudo parece um contra senso, um verdadeiro retrocesso, e por que não, um paradoxo...

Agora, uma Marcha pela Verdade, nem pensar, não?

sábado, 4 de junho de 2011

Marcha das Vagabundas

Tá, eu confesso. Marcha das Vagabundas, alguém me explica? Por que tenho cá aqui como fatos, na minha cachola, que:


1. Sim, existe um quadro severo de violência contra a mulher no Brasil (e em outros tantos países. Se mesmo no Canadá, onde isto se originou...).


2. Indumentária gera leitura - e como toda leitura, isto está além de quem a cria.


3. Na natureza, a camuflagem ainda é uma grande opção contra predadores.


E não, não estou afirmando que quem se veste de uma certa maneira "tem o que merece", ou alguma barbaridade dessas. Só que, em nome de quê, exatamente, vale tanto assim tentar a sorte? E em um país justamente como o nosso?


Não me parece que 'liberdade de expressão' e 'estar bem com sua própria sexualidade' sejam o caso além de... sei lá, uma autoafirmação quase adolescente. Quem é seguro de si não precisa de marchas, ou de provar nada através de indumentária... não?

quinta-feira, 19 de maio de 2011

Thor


Dando sequência a uma mega-história contada desta vez nas telas, assisti ao último filme da Marvel Comics no cinema, do asgardiano Thor.

Não é nenhum Homem de Ferro, mas dá pra se divertir bastante. Natalie Portman me parece meio overkill em filmes como esse, não muito diferente de Gwyneth Paltrow no já mencionado HdF. Curiosamente, não diria isto de Robert Downey Jr. - a canastrice lhe caiu excelentemente bem no papel, afora talvez um pouco de chauvinismo meu, confesso, confesso.

Direção de Kenneth Brannagah, o filme é simples, e direto ao ponto, sem grandes rodeios. Pega a premissa original do personagem, quando criado, e a sintetiza em um filme de duração padrão: orgulhoso demais para o seu próprio bem, Thor é exilado na Terra, e originalmente tinha que viver entre mortais como um médico manco, o Dr. Robert Blake, puxando seus poderes divinos na hora de necessidade. No filme, ele apenas vira um mortal, "Robert Blake" foi uma identidade secreta que lhe arranjaram, marotamente, um ex- da personagem de Natalie Portman que vira o interesse romântico do herói. Thor, até a hora e pouco de projeção, aprenderá o valor da humildade e do sacrifício pelos demais.

O elenco de apoio manda bem. Destaque para Tom Hiddleston, desde já um vilão favorito, ao interpretar o irmão maligno Loki, em uma interpretação que garante ao personagem uma certa simpatia, nem que inicial. E foi bom rever Idris Elba, o eterno - e pra lá de vilanesco - "Stringer" Bell, da sensacional The Wire.

De resto, temos uma Asgard de visual acachapante, Anthony Hopkins de Odin e Titus Pullo de Volstagg. Diversão para toda a família!

segunda-feira, 2 de maio de 2011

OBSama

A Realeza com o Povo se casará,
A Igreja o Camponês elevará
E o Dragão do Crescente falecerá.
Quadrinha de Nostradamus? Quadrinha, se for fajuta. Mas se de Nostradamus, não me surpreenderia.

Este foi o nosso fim de semana, uma espécie de Festival da Afirmação da Identidade Ocidental.

O que mais quero destacar é a morte de Osama bin Laden, o mais procurado terrorista do mundo.

Não vou falar do que os Estados Unidos aprontaram e ainda aprontam, ou como o mundo gira em uma espécie de Grande Roda do Kharma e a da Geopolítica. Depois de um certo tempo, a responsabilidade é sua. Você é o que você faz das informações e dos recursos que você tem à disposição. E bin Laden tinha de sobra.

Foi-se, e já foi tarde. O aftermath da coisa é que, quem sobreviver, verá. Há quem diga que a Al Qaeda se desarticule depois da morte de seu ídolo, há quem diga que, sendo o Open Source da Morte, desarticulada ela já é, e inspirada ainda se torne mais.

Há poucos dias atrás ouvi que já se sabia onde ele estava, e nada era feito porquê a organização havia deixado claro: se fosse preso ou morto, a bomba nuclear em suas posses seria utilizada em alguma cidade do mundo... não sei se era boato, e, caso fosse, era apenas um blefe. Não sendo, espero que esta ameaça tenha sido igualmente neutralizada.

Barack Hussein Obama garante seus próximos quatro anos. Sua moral andava baixa, o que se faz passar por oposição conseguiu exigir-lhe que demonstrasse uma certidão de nascimento detalhada, para comprovar que era cidadão americano, condição para poder ser presidente. Lembrei até da farsa com o baseado (sim, eu sei que ele fumou) de Clinton. Esses vexames se passam quando eles estão por baixo, uma fofoca da candinha vira problema nacional.

Bush já tirou sua casquinha. Disse que a caçada começou com ele. A depender do que já foi levantado, ele deixou acontecer para início de conversa, algo como o 9/11 estava sendo esperado, havia documentação, e ele nada fez. Passou oito anos no governo, e saiu com a mesma cara que entrou, diferentemente das ruínas que se tornaram Bill Clinton e FHC. Até Lula parece gasto. Sair com a mesma cara deve querer dizer o quanto ele deve ter se empenhado no que fosse. Mas enfim, todos querem tirar uma casquinha. Homem na Lua, fissão do átomo, internet, Direitos Humanos - e o fodão ainda é quem traz a caça maior para a tribo.

Duas ou três invasões nacionais foram montadas sob a desculpa esfarrapada de caçá-lo. Pelo visto, um comando militar especializado o liquidou. Meio tarde demais, para a saúde financeira do país.

"Conte pra todo mundo o que você está vendo aqui, conte pra todos! Minha filha morreu no 11 de Setembro." Conta o repórter da Grobo que, entrevistando americanos em festa nas ruas de Washington, uma senhora o agarrou pelo braço e soltou essa, na cara. Não fala com júbilo ou vingança. "Eu congelei.", ele comentou. É.

Interessante é notar não somente a festa nas ruas de cidades americanas. Mas o aparente alívio de boa parte do mundo islâmico: sabe como é, gente comum que apenas quer trabalhar honestamente e jogar futebol com os amigos no fim de semana. Por causa deste filho da puta - e isto, na concepção deles -, o mundo passou a ficar mais dividido, o diferente passou a ficar ainda mais temido. Preconceitos a duras penas amainados voltaram a galope.

É enterrado de acordo com os ritos muçulmanos, segundo dizem, para evitar aborrecimentos e mais sentimentos martirizantes. Diferentemente do nosso Wellington, que foi enterrado como indigente, a despeito das criteriosas especificações deixadas. Qual será o limite em termos de vítimas, para que certas considerações sejam executadas? Espero que não precisemos saber.

No discurso, Obama deixa claro que não é uma comemoração ou ação contra o Islã. Toque preciso e em boa hora.

Agora, é bolar para que o próximo Osama bin Laden não exista. Ou ainda, não precise existir, ou não seja levado a sério, se existir...

... e ainda...

Pensando um pouco mais ao longo do dia, o óbvio, creio, apareceu para mim.

O Presidente americano não é, ou não deveria ser, il Capo de tutti il capi. O exército americano não deveria ser a quadrilha, e os Navy Seals, o esquadrão de extermínio. Glorioso teria sido capturar, e não uma missão para matar. Capturar, extraditar, julgar e condenar, e condenando, prendendo-o em perpétua. Porquê civilização é assim que se faz, não interessa o clamor pelo sangue, ou até em detrimento a este. Teria sido ímpar oportunidade de se liderar pelo exemplo.

quinta-feira, 7 de abril de 2011

Doe sangue - tragédia de Realengo

Site do Hemorio e telefone: 0800 282 0708. Ele se situa à R Frei Caneca, 8 Centro - Rio de Janeiro - RJ - CEP: 20211-030

No mais, aqui vai uma lista de bancos de sangue no Rio de Janeiro... Lembrando que, para ajudar especificamente as vítimas de Realengo, só no Hemorio, pois o hospital que está atendendo - o Albert Schweitzer (localização aqui) é público.

A hora da solidariedade é essa, pessoal.

Depois podemos nos perguntar porque só copiamos o que não presta dos americanos.

terça-feira, 29 de março de 2011

Sucker Punch - Mundo Surreal


Spoiler zone ahead.

Como já andei dizendo, Zack Snyder, por mim, é bem vindo à hora que for para fracassar na bilheteria - e que mal posso esperar pelo próximo Superman, até agora a ser dirigido por ele.

Sim, isto é um elogio: Depois de 300 e Watchmen (que também não foi bem na bilheteria), acho que Snyder prova que é "o cara" para filmar o gênero de Super Heróis. A dimensão épica, ele pega em um instante. O tratamento mais profundo, se não ficou convincente em Watchmen, para mim ficou claro neste filme. Não se deixem ofuscar pela pirotecnia exacerbada: há uma história ali, e ele pode contá-la.

Over-the-top é uma espécie de lema.

Sucker Punch é um filme que segue, creio, duas tendências atuais no cinema. Dizer que é um filme de efeitos especiais é pouco. É um filme que lida com múltiplos níveis de consciência e realidade (A Origem, The Matrix), para contar uma história trágica de sobrevivência quando o mundo fecha todas as portas: Emily Browning interpreta Baby Doll, cujo nome real nunca é revelado, que por uma trama sórdida envolvendo herança - logo apresentada no início, sob um desolado Sweet dreams are made of these -. é trancafiada em um asilo mental para moças, e logo fica claro que não há possibilidade de jamais crerem em sua versão, muito menos em sua sanidade.

Os demais personagens são apresentados brevemente, dá pra sacar o que cada um será, mas a partir da cena em que é apresentado técnicas de psicodrama como parte da terapia, temos acesso a um segundo nível de realidade, onde todas as demais pacientes são apresentadas como se tudo ali fosse um bordel de luxo misturado com Moulin Rouge, do qual passam o dia se preparando para se encontrar com seus ricos clientes exclusivos e se exercitando na dança. Baby Doll é o nome de guerra conferido à recém-chegada que, levando em conta a ética dos aprisionados, sente que seu primeiro dever é tentar fugir. Cooptando as parceiras de infortúnio, elabora um plano, o qual precisa distrair certas pessoas, e o faz com sua dança: e é aí que os efeitos especiais entram, sem dó nem piedade. Quais as correlações dos eventos - e personagens - dos níveis de realidade mais elevados com os anteriores, só podemos especular, especialmente em relação ao primeiro.

Talvez Snyder esteja pagando o preço, com o perdão do trocadilho, de fazer um híbrido: é um filme de super-heróis, mas na verdade é uma história psicológica. É um drama psicológico, mas recheado a transbordar de efeitos especiais. Não é tão diferente de Watchmen neste ponto, cuja maneira de filmar me lembrou bastante, fotografia e Carla Gugino especialmente.

Complicada e perigosinha.

A segunda tendência, inescusavelmente comercial e sexista, é o fetiche ambulante de gostosinhas sentando a porrada em marmanjos, passando fogo no que se mexer. Isto remonta pelo menos à série e ao filme trash original de Buffy - A Caça Vampiros, tem roupagens mais recentes nos filmes d'As Panteras e em bizarrices como Bitch Slap e Nude Nuns with Big Guns; e ainda o ultra bem conceituado Kill Bill, passando ainda por incontáveis mangás/animes e videogames.


Rocket, em bela arte associada com o filme.

A história de Alice No País das Maravilhas - com metralhadoras - ainda foi citada e assim já foi descrito, por fundamentalmente ser uma história de uma garota assustada andando por um mundo estranho e hostil, cujo nonsense acaba sendo seu único aliado.

Conversando com Dom Aragão, comentávamos como há um tipo de diretor que se farta em referências pop, mais do que - aparentemente - acadêmicas hoje em dia: Tarantino, Rodriguez e Snyder. Se entendi, ele aponta que Tarantino aparenta inteligência, muitos vêem Rodriguez só como ação e Snyder acaba sendo curiosamente críptico, apostando apenas em um nível de geekness mais acentuado como o suficiente para ser o seu público. Concordo. Não seria a primeira obra visando somente um tipo de público, mesmo levando em conta a cultura pop: a sequência do morno e genérico Final Fantasy, direcionado exclusivamente aos fãs do videogame original, é outro exemplo que conheço disto.

The posse is in town.

Em resumo? Assistam, tirem suas próprias conclusões. Não achei, realmente, que apesar de todo o tom de aventura, até, e ação e fx a rodo, seja um filme para crianças. Pais, estejam atentos. Não há nudez, a violência não é sanguinolenta, é de videogame, mas a crueldade e a tristeza, ímpar tristeza, estão lá.

segunda-feira, 21 de março de 2011

Os Pilares da Terra, por Ken Follet

Os Pilares da Terra, de Ken Follet. Imagem gentilmente cedida pelo blog Arquitetando Idéias.

Encerrei o primeiro volume (é o da esquerda) de Os Pilares da Terra, e tenho que arranjar urgentemente o segundo. Com quase 500 páginas, Follet mergulha no mundo medieval do Século XII, na Inglaterra, e expõe as circunstâncias da construção de uma catedral no estilo gótico na pequena e imaginária cidade de Kingsbridge.

O livro apresenta três pontos de vista, três núcleos que se encontram várias vezes, e que juntos, com seus próprios interesses, compõem a trama: curiosamente, praticamente um por classe social de então.

O núcleo de Tom Construtor apresenta o ponto de vista do homem livre, trabalhador, do não-favorecido, com todas as suas dificuldades para encontrar um emprego estável. Semi-iletrado, ele é mestre artesão de construção, e após ter trabalhado em uma catedral, sonha em ser o mestre de obras e arquiteto de uma. Sonha, ao ponto de arriscar sua estabilidade, e, em dado momento, isso lhe custa muito caro - sem spoilers aqui. Por Tom e sua família, as ruas medievais são apresentadas, os bandidos, as relações com a nobreza e o clero. Talvez seja o personagem mais interessante da trama, sendo um homem honesto, estóico, apenas tentando sobreviver e dar dignidade à sua família - e alguém com mais ambição que pode se esperar, até: mas característica cativante, ele persegue seus sonhos.

O núcleo da nobreza passa por um momento histórico, o da Anarquia, quando a linha de sucessão real inglesa se embaralha, e reis menos dignos do que a maioria reinam sob alianças com pessoas igualmente menos dignas que a maioria - entra em cena a família Hamleigh, que é humilhada após o filho sofrer uma descompostura em público do alvo de suas atenções "amorosas", a filha do Conde de Shiring. O Conde se envolve em uma tramóia contra o rei que assume o trono inglês, contestado por sua irmã e o bastardo real, e os Hamleigh vêem nisso uma oportunidade de vingar-se, e de cara subir ainda mais socialmente.

O núcleo do clero participa das maquinações do Trono, e apresenta seus próprios dilemas: centrado na figura do Irmão Phillip, homem honesto e realmente fiel aos seus princípios religiosos, é o prior (o chefe entre os irmãos monges) de um pequeno mosteiro na floresta, subordinado ao de Kingsbridge, onde havia transformado o lugar em um realmente funcional e produtivo; para ir para o mosteiro principal de Kingsbridge e lá acabar por se tornar também seu prior. Phillip é um excelente administrador, e lhe dói ver o estado de abandono e desleixo do priorado-mãe. Muito para o seu desgosto, acaba passando por um curso intensivo de realidade, sendo apresentado à política que pode haver não somente entre irmãos monges, mas do clero e nobreza, através da figura vilanesca do padre Waleran Bigod, que acaba fazendo a ponte com o núcleo da nobreza. Mas dado momento, surge a família de Tom Construtor no caminho, Tom e seus sonhos, que passam a ser também os de Phillip, e aí... bem, leiam o livro. Vale muito à pena.

Ken Follet muito me lembrou Frederick Forsythe, que li há pouco tempo, no sentido de ser um escritor que faz toneladas de pesquisa e não se furta a despejá-las no colo do leitor - sem ficar maçante. Boa escrita, imagino, passa por aí. Mas se quiserem saber como funcionava uma economia medieval; e, especialmente como se construía uma igreja, ou ainda, uma catedral medieval, imagino que estes livros poderiam constar de alguma bibliografia de curso de História da Arte ou de Arquitetura. Ao lado das capas acima, o blog Arquitetando Idéias dá ainda outras belas imagens sobre o assunto.

Uma adaptação para a televisão rolou em 2010 pela HBO, com o sempre ótimo Ian McShane no papel de Bigod (vilão, pra variar...). Estou assistindo. É interessante ter ambos os produtos à mão e conhecer duas variações da mesma história, ver como isto ou aquilo se apresenta, de acordo com o meio. Até agora, gostei muito das soluções da adaptação. Abaixo, a belíssima apresentação desta série. Enfim... confiram, é uma grande história.


496 p.

sábado, 19 de março de 2011

Vinhos, Música e Sabores

Quarta-feira passada estive presente ao


, evento cultural produzido pela minha queridíssima Ahnis Fraga, que se lança a esse tipo de função, e que tem uma bela carreira pela frente. Isto aconteceu no

, um espaço novo, que pode passar-se desapercebido ao longo da Rua Santa Luzia, pois sua entrada é de uma pequena porta estreita, há que realmente estar-se procurando pelo número. Mas uma vez lá dentro, podemos desfrutar de boa iluminação, atendimento e, vital para o Rio de Janeiro, ar condicionado.

O evento se tratava do saborear de vinhos e bons petiscos ao som do grupo


, que apresentava canções brasileiras e estrangeiras com o tema, de uma forma ou de outra, ligada ao vinho, em uma apresentação divertida e bem-humorada.

Cliima ótimo, excelente happy hour com amigos. Quem venham mais. Não faltaram sugestões para um encontro temático como esse... sobre chocolate!

quarta-feira, 9 de março de 2011

Enrolados...


O que há de errado - ou de muito certo - nesse cartaz?

... lá no Ação Animada. Achei tremendamente divertido, vale à pena assistir, sim.

segunda-feira, 14 de fevereiro de 2011

Direito de Escolha?

Estou, é claro, adorando o que já vi ser chamado Arab Awakening: protestos populares cada vez mais assíduos no dito mundo árabe, lutando contra o fim das ditaduras locais. Palhaçadas como o governo de Hosni Mubarak, no Egito, que há trinta anos no poder mantém a "lei de emergência", medida esta que, entre outras coisas, censura órgãos de imprensa -- ei, se o seu país está em 'estado de emergência' por 30 anos, o que exatamente isto diz de você, como governante?

Uma particularidade vista na Tunísia e sua dita Revolução de Jasmin foi a ausência de movimentos ideológicos ou religiosos: os protestos vieram simplesmente de uma população de saco cheio, com uma perspectiva nula de progresso em suas vidas, e comparando o seu país com países que funcionam. Tem uma hora que enche o saco, simples assim. O exemplo da Tunísia entusiasmou a população do Egito, que também conseguiu depor seu FDP-Mor local.

As mais de 200 mil pessoas vistas naquela praça central do Cairo, por 18 dias -- já estão dizendo que foram os 18 dias necessários para Mubarak & gangue acabarem de roubar e mandar tudo em segurança pra fora --, e que devem estar lá festejando até agora, emocionaram muita gente. Eu achei o maior barato, e espero de coração que estejamos vendo uma repetição de 1989 e a Queda do Muro de Berlim: bastou cair a Alemanha Oriental, o resto foi, de podre.

Mas ai, começam, é claro, as preocupações: o que vai entrar no lugar?

Aos olhos da iluminada burguesia ocidental, a entrada de governos teocráticos, ou religiosos radicais -- o que, pessoalmente, eu acho que não vá acontecer, não acho que a repetição do Irã seja uma regra, apesar da tendência do Iraque, seu vizinho, logo após da derrubada de Saddam Hussein -- representaria não só um perigo, como um retrocesso. Concordo com o primeiro, encrenco com o segundo. Retrocesso?

É claro que eu não quero uma teocracia pra mim, um país burro, com uma só visão, e que muito provavelmente derrubaria direitos de minorias conquistados a muito custo. Deve ser por isso que eu não vou morar no Irã, Mauritânia ou quejandos, percebam. Ou no Arizona, para não ficar apenas em um exemplo.

Mas eu também não vou por juízo de valores na 'escolha popular'. Presentemente, no Egito, ela está sendo muito elogiada por ter posto abaixo seu ditador. E sem bombas, sem auto-imolação e tragédias associadas com radicalismos religiosos, o que realmente nos faz aquecer o coração.

Mas aí subitamente sobe ao poder um Aiatolá Khomehini da vida. Balde. E por aclamação popular. Subitamente, a tão elogiada "voz do povo", "sabedoria popular", será encarada pelo mais liberal dos democratas com a mesma mentalidade de nossos militares na ditadura: povo não sabe/não está preparado para votar.

Ocorre então que, se formos associar Evolução com processos sociais e históricos, que o façamos da forma correta: sem juízo de valores, sem "linha narrativa" levando ao alto, a algo "superior" -- em nossa direção, é claro --, apenas outra transformação, conforme dita a necessidade. Não é pra agradar a mais ninguém, que a eles mesmos. Period.

Das duas, então uma: ou encaramos que somos tão liberais até que nos aperte o sapato -- embora talvez o nosso sapato seja o mais folgado de todos --, e que essa porra de 'direito de escolha' é o caraio e mete escola pra esses putos pra eles aprenderem o que é escolher pois o nosso meio é melhor do que o dos outros ao menos neste caso, o que nos deixa em última análise pelo menos com um ar de hipocrisia; ou engolimos em seco um tal de "Direito de Autodeterminação dos Povos", que não se chama "Direito de Autodeterminação dos Povos Porém", e seguimos adiante. Nem que por uma questão de coerência interna nossa: isso aí é papo ocidental, outras culturas não necessariamente vêem assim. Na melhor das hipóteses, lidere pelo exemplo.

Não gosta? Ignore. Não dá pra ignorar, sorria polidamente. Não dá pra sorrir quando se aglomeram aos nossos portões, pegue em armas. É lícito, neste caso.

E assim caminha a Humanidade.

segunda-feira, 7 de fevereiro de 2011

O Dossiê Odessa, por Frederick Forsythe

Spoilers zone ahead.

Meu segundo Forsythe, antes deste, só havia lido a coletânea Sem Perdão, alguns anos atrás, e havia gostado. Conhecia o filme, com John "pai da Angelina Jolie, sim, é sério, juro" Voight, que assisti anos atrás e guardei uma boa impressão.

A Odessa, para quem nunca ouviu falar, é uma organização criminosa alemã que se dedicou a ajudar fugir criminosos nazistas da II Guerra Mundial. O submundo desta organização é apresentado, enquanto uma conspiração contra Israel é apresentada.

Frederick Forsythe, pelo que andei apurando, é conhecido por extensas pesquisas sobre o que vai escrever, hábito herdado, pelo que entendo, de sua profissão como repórter. Isto fica claro no livro, pois não a nega ao leitor: querem saber como armar uma bomba caseira e ligá-la a um carro, ou quais são as divisões principais do serviço secreto israelense, ou como se falsifica(va, a história se passa em 1963) passaportes na Alemanha do pós-guerra? Salvo certo floreamento, omissão ou despiste proposital de informações mais sensíveis, e eu espero que haja, leiam O Dossiê Odessa. Seja pela narrativa impessoal, ou pela boca dos personagens, este acúmulo de informações não chateia, de forma alguma, ou a inverossimilhança dos diálogos - monólogos quase, em alguns casos - não incomoda. Acho que uma marca de bom escritor passa, ou pode passar, por ai.

A história pode ser resumida como sendo a de uma vingança pessoal, que move um homem a sair de uma 'zona de conforto' para se envolver com o pior tipo de pessoas possível. No processo, vemos personagens imaginários (o próprio protagonista) e reais (o antagonista) interagindo numa ficção curiosa, onde podemos pensar se este ou aquele têm realmente uma personalidade crível como a apresentada.

Os personagens são apresentados de maneira rápida, às vezes com um certo tom de humor: Peter Miller, o herói, é um jornalista freelancer de sucesso, tipo bonitão, meio cafa, com seu jaguar inglês pra cima e pra baixo; sua mulher Sigi é uma belíssima stripper com o coração de ouro, e por ai vai: os personagens não precisam ser mais definidos além disso, pois o Dossiê Odessa (1972) é uma história de ação e aventura, ainda que uma boa parte seja consumida em investigação, e na movimentação da oposição, da qual o herói mal se apercebe.

A história aborda ainda, em um outro plano, a noção de culpa da população alemã, mesmo poucas décadas depois. É um pensamento complexo, mas que está lá, e merece a reflexão. A saída da 'zona de conforto' acima citada do personagem o traz por estas paragens.

Em suma, vale à pena a leitura.

O Dossiê Odessa (edição de 1976)
274 p.
Editora Record

sexta-feira, 28 de janeiro de 2011

Pequeno processo criativo...


.... pediram-me para desenhar o símbolo de uma iniciativa de solidariedade às vítimas da região serrana do RJ, "pensava em uma formiga". Bem, vim com isto aqui, em três etapas.
O resultado final talvez seja um pouco diferente, mas essencialmente é isto.

segunda-feira, 17 de janeiro de 2011

E o que mais dizer...

... que já não tenha sido dito, over and over again, nesta semana que passou - e nas décadas que passaram, a bem da verdade?

Eu só consigo explicar por razões perversas. Gostaria de estar errado, pois nunca mexi na máquina pública. Mas verbas de emergência são mais difíceis de vistoriar do que verbas de prevenção.

Do outro lado, a comodidade, a falta de opções, ou mesmo o status de se morar 'no alto'.

Lembrei até de um documentário mostrando nos EUA ou Canadá, setentrional e congelante o suficiente, de pessoas que moram em área de perigo de... avalanches. Riscos brancos sem árvores nas encostas, ladeados por estradas que era proibido buzinar e ir acima de uma certa velocidade. E nego. Morando. Ali. Ah, mas é do outro lado da estrada, "longe o suficiente". Não era.

Como o falecido comediante George Carlin, falando dos aldeões no Havaí morando ao lado do Kilauea, "and they wonder why there's lava in the living room".

Há um estado irresponsável, criminoso, por no mínimo não desburocratizar a questão de verbas de prevenção, etc. e tal? Sim, é claro e evidente que há.

Mas vamos por a mão na consciência, também.

***

Contas para doações em dinheiro:

SOS Teresópolis – Donativos

Banco do Brasil
Agência: 0741-2
Conta: 110000-9

Caixa Econômica Federal
Agência: 4146
Conta: 2011-1

Prefeitura de Nova Friburgo
Banco: Banco do Brasil
Agência: 0335-2
Conta: 120.000-3

Defesa Civil – RJ
Banco: Caixa Econômica Federal
Agência: 0199
Operação: 006
Conta: 2011-0

Fundo Estadual de Assistência Social do Estado do Rio de Janeiro
CNPJ 02932524/0001-46
Banco: Itaú
Agência: 5673
Conta: 00594-7

Campanha SOS Sudeste (CNBB e Cáritas Brasileira)
Banco: Caixa Econômica Federal
Agência: 1041
Operação: 003
Conta: 1490-8Banco: Banco do Brasil

Agência: 3475-4
Conta: 32.000-5

Saiba como ajudar com doações aqui.

Os Filhos de Matusalém...

.... comentários no FC Blog.

sábado, 8 de janeiro de 2011

A Mão Que Cria...

Abrindo o ano com um comentário sobre A Mão Que Cria, do meu prezadíssimo Dom Aragão. Lá no Blog de FC.

Ah, e Feliz Ano Novo para você.

segunda-feira, 6 de dezembro de 2010

segunda-feira, 22 de novembro de 2010

Deixe Ela Entrar

Deixe Ela Entrar: protagonistas estreantes, porém de peso.

Deixe Ela Entrar é um filme independente sueco de 2008, que conta a história de duas crianças em início de adolescência que vão construindo um entendimento, um relacionamento, um primeiro namoro. É um belo filme.

Deixe Ela Entrar também é um filme de terror, onde crueldade encontra inocência, e a corrompe lentamente. É um filme perturbador.

Ambas são formas de apresentar este filme, e são formas incompletas de defini-lo.

Há uma versão americana, que, é claro, só pode resultar em um filme óbvio, já a contar do trailer. Evitem-na.

sexta-feira, 19 de novembro de 2010

RED - Aposentados e Perigosos

A idade faz bem a uns e outros.

Assisti RED ontem. Pipoca de primeira, com um elenco veterano que, dá a impressão, estão se divertindo horrores filmando aquilo.

Por elenco veterano, entenda-se, é com Bruce Willis, Helen Mirren, Morgan Freeman, Brian Cox e John Malkovich (impagável, rouba a cena), Richard Dreyfuss e, surpresa minha total, Ernest Borgnine, ainda vivo, mais veterano do que todo o resto.

A idéia não é nova: bando de "oldtimers" volta à ação pelo motivo x, e ainda mostra à nova geração como as coisas são feitas. Em 2000, Cowboys do Espaço era com Clint Eastwood, um elenco também de veteranos e a mesma premissa. Mais recentemente, Os Mercenários veio com o mesmo princípio, com Willis de quebra. Nos anos 80-90, os filmes de Jornada Nas Estrelas apresentavam a noção do "we are too old to this shit", como fizeram os filmes de Máquina Mortífera.

Never retreat, never surrender!

É o típico filme que se baseia na simpatia da idéia por trás dos personagens, que é garantida por carisma e talento de atores que todo mundo gosta de ver ou rever.

Pela nova geração, que sinceramente só está lá como escada para os verdadeiros astros (ao contrário do que se vê ocorrendo), Mary-Louise Parker e Karl Urban, este no inglório papel de opositor aos heróis. Urban, que vem fazendo filmes de ação, é uma nova promessa (já cumprida) do gênero. A troca de sopapos entre ele e Willis tem um quê de simbolismo, e é a melhor luta do filme. Confrontação de gerações mais gentil é o agradecimento "por tudo" de Willis a Borgnine, um senhor nonagenário, aliás.

De resto, é ver e se divertir.

sábado, 30 de outubro de 2010

Monteiro Lobato Censurável?

Há tempos atrás, vi, em uma grande instituição de ensino, de cursos destinados a um público adulto, uma professora levantar bandeiras contra um texto de Monteiro Lobato disponibilizado, por apresentar termos racistas. Contra-argumentei, se em um meio adulto as pessoas não podem ser expostas a isto, qual o próximo passo? Baní-los de escolas, onde pobres criancinhas não tem como se defender das inqüidades do passado?

Bem, aparentemente, o Conselho Nacional de Educação acha que sim.

Eu não sei que tipo de téorico se faz passar dentro do CNE, mas, sinceramente, isso é de um retardamento atroz. Ao invés de aproveitar a chance de demonstrar como uma forma de pensamento muda através dos tempos, e instaurar um saudável debate na sala de aula, com guisa de - sabem, qual é mesmo a palavra... EDUCAÇÃO! -, preferem simples e simploriamente censurar As Caçadas de Pedrinho. Caçadas. De. Pedrinho.

Qual o próximo passo? Censurar Aristóteles, que era pró-escravatura? Trechos da Bíblia, que eram contra este ou aquele povo, ou prática religiosa? Heh. Embates futuros: Diversidade Religiosa x Tolerância Étnica, quem diria...

Eu acho que há coisas mais saudáveis a censurar, em termos de conteúdo pernicioso às nossas pobres e influenciáveis infantes mentes. Criacionice, por exemplo. Ou seu primo da cidade grande, o Design Inteligente. Acho que ambos deveriam ser prontamente censurados, ou ao menos os cursos, escola ou faculdade, que os apresentarem, terem a permissão do MEC ou o que o valha suspensas, até que o simancol brote ou a fé se afirme melhor do que isso.

Rindo amargamente aqui, não sei como ainda não meteram um viés ecológico contra o livro...

sexta-feira, 15 de outubro de 2010

Guia Politicamente Incorreto da História do Brasil


Tudo errado. Tudo.

Li numa tacada suas cerca de 300 páginas agora à tarde. Divertido e direto ao ponto, o livro escrito pelo jornalista Leandro Narloch se utiliza de vasta bibliografia para dessacralizar certos tantos mitos nacionais, históricos e culturais. O capítulo sobre o Samba me pareceu primoroso. O sobre negros e índios, também.

Ao final da introdução, o aviso:

Este livro não quer ser um falso estudo acadêmico, como o daqueles curiosos, e sim uma provocação. Uma pequena coletânea de pesquisas históricas sérias, irritantes e desagradáveis, escolhidas com o objetivo de enfurecer um bom número de cidadãos.

Tem razão. O capítulo sobre Dumont me pegou direitinho.

Guia Politicamente Incorreto da História do Brasil. Editora Leya, 320 pp.

quarta-feira, 13 de outubro de 2010

Bebericando...

... na Adega da Alma, blog de poesias do meu estimadíssimo Dom Gárgula, já na coluna ao lado.

terça-feira, 5 de outubro de 2010

Tiririca

E não é que ele se tornou o deputado mais votado por São Paulo? Entre a simpatia de seus fãs e quem quer avacalhar as eleições, nada mais natural - fora a polêmica em cima da candidatura de alguém que declaradamente "não sabe o que um deputado faz", cujo maior cabo eleitoral tenha sido Aloizio Mercadante.

Um promotor paulista quer que ele prove que pode ler e escrever, porque, afinal,

§ 4º - São inelegíveis os inalistáveis e os analfabetos.

Ou seja, ainda há que submetê-lo a um constrangimento desses - não sei se ele entende isso. Mesmo se não entender.

Se houvesse menos pudores em se ferir certas sensibilidades, não se precisaria por o conhecimento de ninguém em cheque. Se houvesse mais critérios em se permitir candidatos, não terminaríamos com tantos candidatos sem critério.

Enfim...

segunda-feira, 27 de setembro de 2010

Gnugráficas...

Nesta última sexta e sábado, no auditorio da até então desconhecida para mim Estação Leopoldina (palco de eventos como o recente Back 2 Black Music), houve a terceira edição do GNUGraf, que anunciei alguns dias atrás logo aí abaixo. Havia ido no primeiro, perdi infelizmente o segundo, pude participar do terceiro, e não só como platéia: explicação de CeltX ai, alguém?

O evento foi uma reunião de palestras e alguns minicursos de programas gratuitos, desenvolvidos originalmente para o sistema operacional Linux, mas que também são compatíveis pra PC e Mac. É uma comunidade engajada em divulgá-los e desenvolvê-los como proposta alternativa à licenças de milhares de dólares e, sendo gratuitos, são muito bom para, digamos, escolas e iniciativas pequenas que não têm como pagar. É um clima bem legal, estar no meio daquele engajamento todo, ver a paixão de quem organiza, ver as idéias que circulam e suas mentes pensantes. Os planos e propostas... é renovador.

De quebra, conheci o espaço lá. Sempre passei direto pela região, nem me toquei da Estação Leopoldina. É um espaço bonito, uma construção do final dos 1800. Um grande pátio com trens abandonados e um terminal mais moderninho desativado, matagal por todos os lados. É aonde funciona a escola de circo, pelo jeito. Descobri que lá se reúne um nicho, o da Associação de Ferromodelismo do Estado do Rio de Janeiro - sim, se você tem paixão por trenzinhos elétricos, lá é, definitivamente, o seu lugar.

Foi tudo bem interessante, enfim.

quarta-feira, 22 de setembro de 2010

The Spirit

Vi a adaptação pro cinema de um dos mais famosos personagens de quadrinhos, do falecido mestre Will Eisner, dirigido por outro bamba, Frank Miller, cuja magistral obra Sin City foi adaptada por Robert Rodrigues em anos recentes. Ao que parece, Miller resolveu que apenas a estética utilizada no filme de Sin City assim como a canastrice típica da dobradinha Rodrigues/Tarantino bastariam para dirigir.

Eu não sei por onde começar. Que erro, que erro.