terça-feira, 8 de dezembro de 2015
terça-feira, 18 de junho de 2013
Meninos, eu vi, e posso contar...
Comecei encontrando, conforme combinado, com meus ilustrissimos Daniel Da Costa Bezerra e Ana Carina, e ainda Paulo Henrique, na Pça XV, em concentração um grupo ligado às artes cênicas cá no Rio. Tudo ótimo, fim de tarde e tal.
Na saída, descendo a 1o. de Março, uma bandinha do núcleo dos manifestantes tocava sambas e canções de amor. Vi um guarda em uma motocicleta fazer uma saudação. Ganhou flores e deu abraços em retribuição. Gentileza gera gentileza, pelo visto. Só ia ver novamente polícia logo no início da RB, uma fileira que olhava, atenta, mas nada, nem um ato ou gesto agressivo ou intimidante: apenas exerciam sua função. Mas me adianto.
Descemos e demos a volta pela Candelária. A tarde caía rápido. Não sei onde está o raio do cabinho do celular, fico devendo fotos e filmes. Mas estava muito legal.
O problema, o problema ao meu ver, logo se prenunciava, embora ainda não soubéssemos disso. Um carro de som com bandeiras de partidos, sindicatos e aloprações em geral gritava alguma coisa. Não lhes demos muita trela. Embicando na Rio Branco, subitamente, qual um autêntico 'bonde do terror', desce a galera dos partidos: bandeiras vermelhas. PSTU, pelo menos. Mais algumas coisas. Entrou dividindo, entrou pra empurrar. Não foi chegando, nem veio para se enturmar. Entraram, e ficaram em um trecho sempre à frente e na metada direita da RB, do ponto de quem desce o sentido do trânsito.
Mas até aí, tudo bem, que diabos, se a rua é pública, a manifestação ainda é mais. Gente por todos os lados, recebendo dos céus papel picado e luzes piscando dos escritórios, sempre que os chamávamos, "vem pra rua!" "vem pra rua!" Aplausos e sorrisos. A inevitáveis palavras de ordem, "Fora (insira o nome de governante)". Normal. Daniel, sempre acompanhando o rádio, ouve que a tropa de choque estava no quartel. Depois do horror de domingo, parece que alguém tinha resolvido deixado cair a ficha finalmente.
Uma longa caminhada, que junta coisa de cem mil manifestantes, que por fim desagua na Cinelândia. A satisfação de participar de algo tão maior e tão significativo. Fomos nós três tomar algo em um dos bares ali pelo Odeon, onde vimos, assombrados, o que acontecia em São Paulo, e o que acontecia em Brasília, com aquelas sombras mágicas correndo pelo Congresso. Júbilo, êxtase, alegria. Uma coroação por algo tão bonito.
E aí vieram as imagens do Rio de Janeiro. Não o que participáramos somente - mais assombro por sermos tantos! - mas as imagens da ALERJ.
Eles. É claro. Os embandeirados. Os de siglas infinitas, tanto quanto infinitamente insgnificantes. Que tentavam dar uma de líderes do movimento ao longo do caminho, e que só tomavam vaia, uma atrás da outra. Aos poucos, nossas palavras de ordem os incluíam, "Sem partido!", "Sem partido!" e "Não me representa!" "Não me representa!", "Oportunista! Oportunista!" e a favorita "PSTU, vai tomar no c*!". Um dado momento da marcha, rolou um corre-corre, aliás, vindo do lado das bandeiras. Acho que alguém perdeu a esportiva. Não sabe brincar, não desce pro play. Mas não deu em nada, que bom.
Mas aí, eles. Que no final, na Cinelândia, agrupavam-se, acotovelavam-se, acomiciavam-se, punham camisas ao redor do rosto e se preparavam para alguma coisa. Nós nos afastamos, eu realmente precisava me sentar um pouco, para renovar as forças. Um manifestante aconselhou uma amiga que acabara de encontrar, casualmente, a prender o cabelo por causa do gás lacrimogênio. Disse, ingênuo, que o Choque estava no quartel. Responderam-me, ambos, que a polícia estava ja ali, numa rua lateral - exatamente na direção da ALERJ. As imagens, dez minutos depois, mostraram que o perigo não era a polícia, e nem os manifestantes. Mas eles.
Eles, que não entendem que não há lideranças nesse movimento. Eles, que sozinhos não juntam cem mil nem fudendo. Eles, que não entendem que seu tempo já passou. Que seus métodos já passaram. Que seus textos sagrados de sua religião já passaram. Querem que eu desenhe um dinossauro com um meteoro caindo em cima? Pois é. Visualizem. Extinguam-se com dignidade, seus vermes. Deixe as mudanças virem. OU de próxima, venham à manifestação. Mas sem bandeiras. Apenas como brasileiros. Eu os desafio. Se forem homens para isso, é claro.
Claro que a resposta do Estado veio na forma da tropa de choque, que fez o que a tropa de choque sabe fazer. Notem: na imprensa deu que a tropa de choque estava no quartel. A hora da vandalização era essa.
Mas no meio do lodo, eu - que já havia me ido metrô afora - colho pequenas flores na forma de depoimentos. Um conta como esteve no quebra quebra da ALERJ, mas para por senso em quem fosse. Para proteger policiais. Ou como hoje várias pessoas lá foram, para ajudar a limpar a depredação dos falsos manifestantes. Digo falsos, porquê babaquice não me representa. Ou a tal vaquinha para o rapaz que teve o carro queimado.
É isso. Uma grande experiência, um grande fim de tarde e noite, na companhia de três bons amigos, quase cem mil deles. Recomendo. Viver a mudança, e ver a mudança.
quinta-feira, 17 de janeiro de 2013
Zé Brasil
Zé Brasil é o último livro de Monteiro Lobato, onde ali o discurso eugênico como fonte dos problemas do povo brasileiro é trocado pelo abandono do mesmo pelas autoridades que deveriam resguardá-lo, autoridades ao lado dos grandes fazendeiros e patrões. Pelo teor e por ter sido impresso pela gráfica do Partidão, foi tachado de obra comunista, e recolhido no governo Dutra.
"Mas como a gente há de saber, se cada um diz uma coisa? Jornal eu não leio, mas o Chico Vira lê e outro dia me disse que os jornais andam falando horrores do comunismo. Os jornais deles, está claro que dizem horrores. Mas os jornais comunistas, ou do Prestes, esses dizem as coisas do modo diferente. Em que vocês devem acreditar? No que dizem os Tatuíras e os jornais dos Tatuíras, ou no que dizem os homens que querem o bem de vocês? Os homens que padecem por vocês, como esse Prestes que já passou nove anos no cárcere, incomunicável, só porque em vez de decidir pela felicidade dos Tatuíras, se decidiu pela felicidade de Zé Brasil?"Em tempos de Occupy, o discurso não envelheceu.
Supondo que alguém se importe, é claro.
domingo, 8 de julho de 2012
Assisti ao Espetacular Homem-Aranha. Impressões:
* É o "Spider Man de Christopher Nolan", insistindo em um ambiente urbano-sombrio, o que influencia naturalmente na paleta de cores do filme, ao invés do otimismo solar dos filmes de Sam Raimi. O mistério que se instala através do "Homem que Não Está Lá", mas sempre é citado, para demais continuações é outro exemplo disto, em contraste com a abordagem direta ao ponto dos filmes de Raimi do mesmo personagem.
* Andrew Garfield aos 29 anos convence mais como adolescente do que Emma Stone, aos 24. E faz um bom Peter Parker.
* Gostei da criatividade com a teia.
* Gostei de ver Parker mais como o gênio científico precoce que ele na verdade sempre foi, coisa mais sugerida do que demonstrada nos filmes de Raimi.
* Pena que não foi o ator Dylan Baker que fez o Lagarto, seu Curt Connor nos filmes de Raimi despertava simpatias.
* Para quem nunca leu - eu, inclusive - o destino dos pais de Parker finalmente foi explorado em uma história de espionagem, e eles aproveitaram isto.
* Sally Field e Martin Sheen mandam bem como Martha e Jonathan, er, May e Ben. Apesar do tio Ben aqui nunca ter dito explicitamente "com grandes poderes, grandes responsabilidades", isto é algo que Parker acaba descobrindo, a partir de outra conversa ele...
... mas é um filme desnecessário. Se fosse um reboot em prol de alinhavar o personagem com o universo dos filmes dos Vingadores, beleza. Mas, não sendo possível até por uma questão de estúdio... paciência.
De resto, grande a companhia: valeu de novo, Roberto!
quarta-feira, 6 de junho de 2012
Antologia Super-Heróis - seleção finalizada.
Pois é, finalmente escolhemos quem irá participar da seleção. 14 escolhidos, entre 111 trabalhos recebidos. Segue o link para comentários a mais, a relação está abaixo.
Não vou dizer que é meio bizarro ver meu nome de repente aí no meio.
O trabalho ainda não acabou. Estaremos fazendo a primeira revisão dos textos ainda esta semana.
Já comentei que estou achando tudo uma farra? Pois.
sexta-feira, 25 de novembro de 2011
Antologia SUPER-HERÓIS
quinta-feira, 16 de junho de 2011
Os Donos da Verdade
"Os documentos históricos, que fazem parte de nossa história diplomática, e que tenham articulações como o Rio Branco teve que fazer muitas vezes, não podemos revelar esses documentos, senão vamos abrir feridas".Com essa explicação, o velho Senador procura justificar o injustificável: a de que o Brasil tem donos da verdade. E ela não pode vir brincar aqui fora. Deve ser muito feia. Um arrimo de família, meio devagar, para o tamanho que tem. Fica logo evidente. Pega mal, o que a vizinhança vai dizer?
Eu diria que é feio, mas é nosso (ao contrário do que falo de parte da programação do Canal Brasil: meu, uma ova), mas sem nenhum orgulho. Ao invés disso, deveríamos sempre ter a objetividade que pudermos, denotando como isto ou aquilo se deu, e conotando lições que nos façam uma sociedade minimamente melhor: sabem como é, quem não conhece a História corre o risco de repetí-la.
E ainda, a parte do é nosso. Porque é. Nossa História. Temos direito à ela.
Com algumas palavras-chave riscadas, levou menos de 40 anos para o governo americano liberar arquivos sobre a Guerra do Vietnã. Países costumam ter legislações a respeito disto, liberando o máximo que se pode (lembro de um então amigo meu, inglês, cujo avô havia trabalhado para a inteligência britânica na II Guerra Mundial, e na segunda metade dos anos 80 ainda recusava-se a comentar certos eventos: certas ordens ainda estavam valendo).
Mas o Brasil não abre arquivos desde a... Guerra do Paraguai! Isto é um pouco abusivo, para se dizer o mínimo. E quem dá esse critério? Uma mesma "elite pensante" - muitas, muitas aspas nessa hora - que sempre julgou saber o que é melhor para o povo, e apenas manteve um status quo para si e os seus? Não, obrigado.
Mas o que esperar de um Senado que, até pouco tempo, em sua exibição histórica, teve o impeachment desse mesmo Collor um evento ignorado, uma coisa menor, até a chiadeira surgir (se estiver sendo injusto, avisem: mas eu não vi o Senador Lindberg se manifestando aqui...)?
Em tempos de dita abertura dos arquivos da ditadura, pelo paradeiro de pessoas sumidas cujos parentes ainda clamam saber, isto tudo parece um contra senso, um verdadeiro retrocesso, e por que não, um paradoxo...
Agora, uma Marcha pela Verdade, nem pensar, não?
sábado, 4 de junho de 2011
Marcha das Vagabundas
Tá, eu confesso. Marcha das Vagabundas, alguém me explica? Por que tenho cá aqui como fatos, na minha cachola, que:
1. Sim, existe um quadro severo de violência contra a mulher no Brasil (e em outros tantos países. Se mesmo no Canadá, onde isto se originou...).
2. Indumentária gera leitura - e como toda leitura, isto está além de quem a cria.
3. Na natureza, a camuflagem ainda é uma grande opção contra predadores.
E não, não estou afirmando que quem se veste de uma certa maneira "tem o que merece", ou alguma barbaridade dessas. Só que, em nome de quê, exatamente, vale tanto assim tentar a sorte? E em um país justamente como o nosso?
Não me parece que 'liberdade de expressão' e 'estar bem com sua própria sexualidade' sejam o caso além de... sei lá, uma autoafirmação quase adolescente. Quem é seguro de si não precisa de marchas, ou de provar nada através de indumentária... não?
quinta-feira, 19 de maio de 2011
Thor
Dando sequência a uma mega-história contada desta vez nas telas, assisti ao último filme da Marvel Comics no cinema, do asgardiano Thor.
Não é nenhum Homem de Ferro, mas dá pra se divertir bastante. Natalie Portman me parece meio overkill em filmes como esse, não muito diferente de Gwyneth Paltrow no já mencionado HdF. Curiosamente, não diria isto de Robert Downey Jr. - a canastrice lhe caiu excelentemente bem no papel, afora talvez um pouco de chauvinismo meu, confesso, confesso.
Direção de Kenneth Brannagah, o filme é simples, e direto ao ponto, sem grandes rodeios. Pega a premissa original do personagem, quando criado, e a sintetiza em um filme de duração padrão: orgulhoso demais para o seu próprio bem, Thor é exilado na Terra, e originalmente tinha que viver entre mortais como um médico manco, o Dr. Robert Blake, puxando seus poderes divinos na hora de necessidade. No filme, ele apenas vira um mortal, "Robert Blake" foi uma identidade secreta que lhe arranjaram, marotamente, um ex- da personagem de Natalie Portman que vira o interesse romântico do herói. Thor, até a hora e pouco de projeção, aprenderá o valor da humildade e do sacrifício pelos demais.
O elenco de apoio manda bem. Destaque para Tom Hiddleston, desde já um vilão favorito, ao interpretar o irmão maligno Loki, em uma interpretação que garante ao personagem uma certa simpatia, nem que inicial. E foi bom rever Idris Elba, o eterno - e pra lá de vilanesco - "Stringer" Bell, da sensacional The Wire.
De resto, temos uma Asgard de visual acachapante, Anthony Hopkins de Odin e Titus Pullo de Volstagg. Diversão para toda a família!
segunda-feira, 2 de maio de 2011
OBSama
A Realeza com o Povo se casará,A Igreja o Camponês elevaráE o Dragão do Crescente falecerá.
quinta-feira, 7 de abril de 2011
Doe sangue - tragédia de Realengo
No mais, aqui vai uma lista de bancos de sangue no Rio de Janeiro... Lembrando que, para ajudar especificamente as vítimas de Realengo, só no Hemorio, pois o hospital que está atendendo - o Albert Schweitzer (localização aqui) é público.
A hora da solidariedade é essa, pessoal.
Depois podemos nos perguntar porque só copiamos o que não presta dos americanos.
terça-feira, 29 de março de 2011
Sucker Punch - Mundo Surreal
segunda-feira, 21 de março de 2011
Os Pilares da Terra, por Ken Follet
sábado, 19 de março de 2011
Vinhos, Música e Sabores
quarta-feira, 9 de março de 2011
Enrolados...
segunda-feira, 14 de fevereiro de 2011
Direito de Escolha?
Uma particularidade vista na Tunísia e sua dita Revolução de Jasmin foi a ausência de movimentos ideológicos ou religiosos: os protestos vieram simplesmente de uma população de saco cheio, com uma perspectiva nula de progresso em suas vidas, e comparando o seu país com países que funcionam. Tem uma hora que enche o saco, simples assim. O exemplo da Tunísia entusiasmou a população do Egito, que também conseguiu depor seu FDP-Mor local.
As mais de 200 mil pessoas vistas naquela praça central do Cairo, por 18 dias -- já estão dizendo que foram os 18 dias necessários para Mubarak & gangue acabarem de roubar e mandar tudo em segurança pra fora --, e que devem estar lá festejando até agora, emocionaram muita gente. Eu achei o maior barato, e espero de coração que estejamos vendo uma repetição de 1989 e a Queda do Muro de Berlim: bastou cair a Alemanha Oriental, o resto foi, de podre.
Mas ai, começam, é claro, as preocupações: o que vai entrar no lugar?
Aos olhos da iluminada burguesia ocidental, a entrada de governos teocráticos, ou religiosos radicais -- o que, pessoalmente, eu acho que não vá acontecer, não acho que a repetição do Irã seja uma regra, apesar da tendência do Iraque, seu vizinho, logo após da derrubada de Saddam Hussein -- representaria não só um perigo, como um retrocesso. Concordo com o primeiro, encrenco com o segundo. Retrocesso?
É claro que eu não quero uma teocracia pra mim, um país burro, com uma só visão, e que muito provavelmente derrubaria direitos de minorias conquistados a muito custo. Deve ser por isso que eu não vou morar no Irã, Mauritânia ou quejandos, percebam. Ou no Arizona, para não ficar apenas em um exemplo.
Mas eu também não vou por juízo de valores na 'escolha popular'. Presentemente, no Egito, ela está sendo muito elogiada por ter posto abaixo seu ditador. E sem bombas, sem auto-imolação e tragédias associadas com radicalismos religiosos, o que realmente nos faz aquecer o coração.
Mas aí subitamente sobe ao poder um Aiatolá Khomehini da vida. Balde. E por aclamação popular. Subitamente, a tão elogiada "voz do povo", "sabedoria popular", será encarada pelo mais liberal dos democratas com a mesma mentalidade de nossos militares na ditadura: povo não sabe/não está preparado para votar.
Ocorre então que, se formos associar Evolução com processos sociais e históricos, que o façamos da forma correta: sem juízo de valores, sem "linha narrativa" levando ao alto, a algo "superior" -- em nossa direção, é claro --, apenas outra transformação, conforme dita a necessidade. Não é pra agradar a mais ninguém, que a eles mesmos. Period.
Das duas, então uma: ou encaramos que somos tão liberais até que nos aperte o sapato -- embora talvez o nosso sapato seja o mais folgado de todos --, e que essa porra de 'direito de escolha' é o caraio e mete escola pra esses putos pra eles aprenderem o que é escolher pois o nosso meio é melhor do que o dos outros ao menos neste caso, o que nos deixa em última análise pelo menos com um ar de hipocrisia; ou engolimos em seco um tal de "Direito de Autodeterminação dos Povos", que não se chama "Direito de Autodeterminação dos Povos Porém", e seguimos adiante. Nem que por uma questão de coerência interna nossa: isso aí é papo ocidental, outras culturas não necessariamente vêem assim. Na melhor das hipóteses, lidere pelo exemplo.
Não gosta? Ignore. Não dá pra ignorar, sorria polidamente. Não dá pra sorrir quando se aglomeram aos nossos portões, pegue em armas. É lícito, neste caso.
E assim caminha a Humanidade.
segunda-feira, 7 de fevereiro de 2011
O Dossiê Odessa, por Frederick Forsythe
Meu segundo Forsythe, antes deste, só havia lido a coletânea Sem Perdão, alguns anos atrás, e havia gostado. Conhecia o filme, com John "pai da Angelina Jolie, sim, é sério, juro" Voight, que assisti anos atrás e guardei uma boa impressão.
A Odessa, para quem nunca ouviu falar, é uma organização criminosa alemã que se dedicou a ajudar fugir criminosos nazistas da II Guerra Mundial. O submundo desta organização é apresentado, enquanto uma conspiração contra Israel é apresentada.
Frederick Forsythe, pelo que andei apurando, é conhecido por extensas pesquisas sobre o que vai escrever, hábito herdado, pelo que entendo, de sua profissão como repórter. Isto fica claro no livro, pois não a nega ao leitor: querem saber como armar uma bomba caseira e ligá-la a um carro, ou quais são as divisões principais do serviço secreto israelense, ou como se falsifica(va, a história se passa em 1963) passaportes na Alemanha do pós-guerra? Salvo certo floreamento, omissão ou despiste proposital de informações mais sensíveis, e eu espero que haja, leiam O Dossiê Odessa. Seja pela narrativa impessoal, ou pela boca dos personagens, este acúmulo de informações não chateia, de forma alguma, ou a inverossimilhança dos diálogos - monólogos quase, em alguns casos - não incomoda. Acho que uma marca de bom escritor passa, ou pode passar, por ai.
A história pode ser resumida como sendo a de uma vingança pessoal, que move um homem a sair de uma 'zona de conforto' para se envolver com o pior tipo de pessoas possível. No processo, vemos personagens imaginários (o próprio protagonista) e reais (o antagonista) interagindo numa ficção curiosa, onde podemos pensar se este ou aquele têm realmente uma personalidade crível como a apresentada.
Os personagens são apresentados de maneira rápida, às vezes com um certo tom de humor: Peter Miller, o herói, é um jornalista freelancer de sucesso, tipo bonitão, meio cafa, com seu jaguar inglês pra cima e pra baixo; sua mulher Sigi é uma belíssima stripper com o coração de ouro, e por ai vai: os personagens não precisam ser mais definidos além disso, pois o Dossiê Odessa (1972) é uma história de ação e aventura, ainda que uma boa parte seja consumida em investigação, e na movimentação da oposição, da qual o herói mal se apercebe.
A história aborda ainda, em um outro plano, a noção de culpa da população alemã, mesmo poucas décadas depois. É um pensamento complexo, mas que está lá, e merece a reflexão. A saída da 'zona de conforto' acima citada do personagem o traz por estas paragens.
Em suma, vale à pena a leitura.
O Dossiê Odessa (edição de 1976)
274 p.
Editora Record
sexta-feira, 28 de janeiro de 2011
Pequeno processo criativo...
segunda-feira, 17 de janeiro de 2011
E o que mais dizer...
Eu só consigo explicar por razões perversas. Gostaria de estar errado, pois nunca mexi na máquina pública. Mas verbas de emergência são mais difíceis de vistoriar do que verbas de prevenção.
Do outro lado, a comodidade, a falta de opções, ou mesmo o status de se morar 'no alto'.
Lembrei até de um documentário mostrando nos EUA ou Canadá, setentrional e congelante o suficiente, de pessoas que moram em área de perigo de... avalanches. Riscos brancos sem árvores nas encostas, ladeados por estradas que era proibido buzinar e ir acima de uma certa velocidade. E nego. Morando. Ali. Ah, mas é do outro lado da estrada, "longe o suficiente". Não era.
Como o falecido comediante George Carlin, falando dos aldeões no Havaí morando ao lado do Kilauea, "and they wonder why there's lava in the living room".
Há um estado irresponsável, criminoso, por no mínimo não desburocratizar a questão de verbas de prevenção, etc. e tal? Sim, é claro e evidente que há.
Mas vamos por a mão na consciência, também.
***
Contas para doações em dinheiro:
SOS Teresópolis – Donativos
Banco do Brasil
Agência: 0741-2
Conta: 110000-9
Caixa Econômica Federal
Agência: 4146
Conta: 2011-1
Prefeitura de Nova Friburgo
Banco: Banco do Brasil
Agência: 0335-2
Conta: 120.000-3
Defesa Civil – RJ
Banco: Caixa Econômica Federal
Agência: 0199
Operação: 006
Conta: 2011-0
Fundo Estadual de Assistência Social do Estado do Rio de Janeiro
CNPJ 02932524/0001-46
Banco: Itaú
Agência: 5673
Conta: 00594-7
Campanha SOS Sudeste (CNBB e Cáritas Brasileira)
Banco: Caixa Econômica Federal
Agência: 1041
Operação: 003
Conta: 1490-8Banco: Banco do Brasil
Conta: 32.000-5
Saiba como ajudar com doações aqui.
sábado, 8 de janeiro de 2011
A Mão Que Cria...
segunda-feira, 6 de dezembro de 2010
segunda-feira, 22 de novembro de 2010
Deixe Ela Entrar
Deixe Ela Entrar é um filme independente sueco de 2008, que conta a história de duas crianças em início de adolescência que vão construindo um entendimento, um relacionamento, um primeiro namoro. É um belo filme.
Deixe Ela Entrar também é um filme de terror, onde crueldade encontra inocência, e a corrompe lentamente. É um filme perturbador.
Ambas são formas de apresentar este filme, e são formas incompletas de defini-lo.
Há uma versão americana, que, é claro, só pode resultar em um filme óbvio, já a contar do trailer. Evitem-na.
sexta-feira, 19 de novembro de 2010
RED - Aposentados e Perigosos
Assisti RED ontem. Pipoca de primeira, com um elenco veterano que, dá a impressão, estão se divertindo horrores filmando aquilo.
Por elenco veterano, entenda-se, é com Bruce Willis, Helen Mirren, Morgan Freeman, Brian Cox e John Malkovich (impagável, rouba a cena), Richard Dreyfuss e, surpresa minha total, Ernest Borgnine, ainda vivo, mais veterano do que todo o resto.
A idéia não é nova: bando de "oldtimers" volta à ação pelo motivo x, e ainda mostra à nova geração como as coisas são feitas. Em 2000, Cowboys do Espaço era com Clint Eastwood, um elenco também de veteranos e a mesma premissa. Mais recentemente, Os Mercenários veio com o mesmo princípio, com Willis de quebra. Nos anos 80-90, os filmes de Jornada Nas Estrelas apresentavam a noção do "we are too old to this shit", como fizeram os filmes de Máquina Mortífera.
É o típico filme que se baseia na simpatia da idéia por trás dos personagens, que é garantida por carisma e talento de atores que todo mundo gosta de ver ou rever.
Pela nova geração, que sinceramente só está lá como escada para os verdadeiros astros (ao contrário do que se vê ocorrendo), Mary-Louise Parker e Karl Urban, este no inglório papel de opositor aos heróis. Urban, que vem fazendo filmes de ação, é uma nova promessa (já cumprida) do gênero. A troca de sopapos entre ele e Willis tem um quê de simbolismo, e é a melhor luta do filme. Confrontação de gerações mais gentil é o agradecimento "por tudo" de Willis a Borgnine, um senhor nonagenário, aliás.
De resto, é ver e se divertir.
sábado, 30 de outubro de 2010
Monteiro Lobato Censurável?
Bem, aparentemente, o Conselho Nacional de Educação acha que sim.
Eu não sei que tipo de téorico se faz passar dentro do CNE, mas, sinceramente, isso é de um retardamento atroz. Ao invés de aproveitar a chance de demonstrar como uma forma de pensamento muda através dos tempos, e instaurar um saudável debate na sala de aula, com guisa de - sabem, qual é mesmo a palavra... EDUCAÇÃO! -, preferem simples e simploriamente censurar As Caçadas de Pedrinho. Caçadas. De. Pedrinho.
Qual o próximo passo? Censurar Aristóteles, que era pró-escravatura? Trechos da Bíblia, que eram contra este ou aquele povo, ou prática religiosa? Heh. Embates futuros: Diversidade Religiosa x Tolerância Étnica, quem diria...
Eu acho que há coisas mais saudáveis a censurar, em termos de conteúdo pernicioso às nossas pobres e influenciáveis infantes mentes. Criacionice, por exemplo. Ou seu primo da cidade grande, o Design Inteligente. Acho que ambos deveriam ser prontamente censurados, ou ao menos os cursos, escola ou faculdade, que os apresentarem, terem a permissão do MEC ou o que o valha suspensas, até que o simancol brote ou a fé se afirme melhor do que isso.
Rindo amargamente aqui, não sei como ainda não meteram um viés ecológico contra o livro...
sexta-feira, 15 de outubro de 2010
Guia Politicamente Incorreto da História do Brasil
Li numa tacada suas cerca de 300 páginas agora à tarde. Divertido e direto ao ponto, o livro escrito pelo jornalista Leandro Narloch se utiliza de vasta bibliografia para dessacralizar certos tantos mitos nacionais, históricos e culturais. O capítulo sobre o Samba me pareceu primoroso. O sobre negros e índios, também.
Ao final da introdução, o aviso:
Este livro não quer ser um falso estudo acadêmico, como o daqueles curiosos, e sim uma provocação. Uma pequena coletânea de pesquisas históricas sérias, irritantes e desagradáveis, escolhidas com o objetivo de enfurecer um bom número de cidadãos.Tem razão. O capítulo sobre Dumont me pegou direitinho.
Guia Politicamente Incorreto da História do Brasil. Editora Leya, 320 pp.
quarta-feira, 13 de outubro de 2010
Bebericando...
terça-feira, 5 de outubro de 2010
Tiririca
Um promotor paulista quer que ele prove que pode ler e escrever, porque, afinal,
§ 4º - São inelegíveis os inalistáveis e os analfabetos.
Ou seja, ainda há que submetê-lo a um constrangimento desses - não sei se ele entende isso. Mesmo se não entender.
Se houvesse menos pudores em se ferir certas sensibilidades, não se precisaria por o conhecimento de ninguém em cheque. Se houvesse mais critérios em se permitir candidatos, não terminaríamos com tantos candidatos sem critério.
Enfim...
segunda-feira, 27 de setembro de 2010
Gnugráficas...
O evento foi uma reunião de palestras e alguns minicursos de programas gratuitos, desenvolvidos originalmente para o sistema operacional Linux, mas que também são compatíveis pra PC e Mac. É uma comunidade engajada em divulgá-los e desenvolvê-los como proposta alternativa à licenças de milhares de dólares e, sendo gratuitos, são muito bom para, digamos, escolas e iniciativas pequenas que não têm como pagar. É um clima bem legal, estar no meio daquele engajamento todo, ver a paixão de quem organiza, ver as idéias que circulam e suas mentes pensantes. Os planos e propostas... é renovador.
De quebra, conheci o espaço lá. Sempre passei direto pela região, nem me toquei da Estação Leopoldina. É um espaço bonito, uma construção do final dos 1800. Um grande pátio com trens abandonados e um terminal mais moderninho desativado, matagal por todos os lados. É aonde funciona a escola de circo, pelo jeito. Descobri que lá se reúne um nicho, o da Associação de Ferromodelismo do Estado do Rio de Janeiro - sim, se você tem paixão por trenzinhos elétricos, lá é, definitivamente, o seu lugar.
Foi tudo bem interessante, enfim.
quarta-feira, 22 de setembro de 2010
The Spirit
Eu não sei por onde começar. Que erro, que erro.