quarta-feira, 26 de maio de 2010

Eu Amo o Butantã

É o nome do site para amparo à instituição científica, que sofreu um incêndio 15 de Maio, sábado último, e precisa de toda a ajuda possível. Boa parte da sua coleção de espécimes preservados se foi. O Butantã é uma instituição científica reconhecida como referência internacional em seu campo - o que não impede de estar caindo aos pedaços, como tantas outras, carecendo eternamente de verbas para tudo. O Butantã não foi parcialmente destruído, ele morreu, junto com parte da ciência deste país.

Não bastasse, não vi, pelo menos, um único político, dos que se dizem sérios aos oportunistas, lamentando a perda - desde que a fábrica de soro e vacina esteja intacta, como felizmente está, pra que se importar com bichos mortos, não é mesmo?

Não ajuda em nada as temerosas declarações do Dr. Isaías Raw, ex-presidente da Fundação Butantã, de que não se perde tanto assim: o importante é o sequenciamente genético dos espécimes. Bem, quem é do campo me assegura que isso é meio estúpido, uma vez que os estudos de morfologia dependem inteiramente de coleções assim. Até que se tenha um botão onde, apertando, surja um holograma baseado em dado código genético, ai sim uma coleção de espécimes será algo datado. Mas... isso não acontece hoje em dia, ceeeerto?

Fora o quadro maior: perde o Dr. Raw a oportunidade de ouro do silêncio, ao de, alguma forma, minimizar o incêndio em uma instituição científica brasileira. Ainda ouço o comentário, se bobear é apenas o primeiro, face ao desmazelo destas mesmas instituições.

Tudo errado, enfim. Tudo. Mas ai está o site, de qualquer forma.

UPDATE 3 de Junho: um depoimento de um de seus pesquisadores.

sábado, 22 de maio de 2010

Downey Downey

Robert Downey Jr.: heróis com mais ou menos cavanhaque, o importante é se divertir!

Assisti, no intervalo de seis dias, Sherlock Holmes e Homem de Ferro 2. Sensacionais, sensacionais. Robert Downey Jr. deve estar se divertindo horrores. Meu medo é que seja só isto, vindo dele, daqui por diante: encarar o narcisista insuportável cheio de tiques e que todo mundo, forçosamente ou não, adora. Não há tantas diferenças assim entre seus Sherlock Holmes e Tony Stark - sendo franquias em desenvolvimento, com continuações previstas.

Ambos os personagens têm problemas com algum vício (Stark, ao menos nos quadrinhos). Ambos foram criados sendo gênios em seus campos, e, embora Holmes aqui tenda a ser um grande recluso com problemas de se relacionar com pessoas, Stark simplesmente ama a atenção; ambos têm um ego à altura do talento. Falam rápido, atropelam outras falas, ou a si mesmo, vão do maior personagem que domina a cena para alguém que você tem pena em segundos, daí para um cretino completo, e de novo.

Typecasting: não é diferente de atores de grande talento como Al Pacino, que parece que só fala dando bronca, ou Robert De Niro, idem, mafioso canastrão. A máquina devora.

Tirando isso, ambos os filmes são imperdíveis: Sherlock Holmes reinventa um pouco o universo de Doyle, e entendo que alguns tantos puristas reclamaram. Não poderia dizer, li poucos livros de Sherlock Holmes e há muito tempo, e a imagem que eu tenho - e decerto muita gente, inclusive os puristas - do detetive é a de Basil Rathbone interpretando-o em 14 filmes em preto e branco, com o Dr. Watson sendo um simpático velhinho. Rathbone era a dignidade à toda prova, a calma intelectual certamente apropriada para o Maior Detetive do Mundo - um inglês, claro, em plena época vitoriana, na Inglaterra industrial e científica - poder resolver seus casos intrincados. Corre-corres e explosões são ungentlemanish, se é que essa palavra existe.

"When you become the character you portray, it's the end of your career as an actor."
Basil Rathbone, o eterno Sherlock Holmes.

E ai vem Guy Ritchie.

Falando no que, aliás. Filmes totalmente anti-fidalguia inglesa, como Jogos, Trapaças e Dois Canos Fumegantes e Snatch - Porcos e Diamantes, mostram uma Londres que nada tem para turista ver, uma Londres de marginais, mafiosos violentos, pequenos golpistas, ciganos, contrabandistas, mercenários russos, todos com sotaques e excentricidades - há tiradas inesquecíveis - de modo geral. Apesar destes dois filmes seguirem uma mesma fórmula - na minha opinião, consagrada em Snatch - eles são divertidíssimos, com diversas linhas de narrativa correndo em paralelo até um fim em comum, em que os protagonistas - caso sobrevivam - não têm bem certeza do que diabos acontece. Filmes para se ter na coleção. Um casamento que parece que enterrou sua carreira depois, ele tenta ressurgir com Revolver, que segue a mesma linha, mas sendo um drama, e não a comédia de antes, e depois Rocknrolla, que parece que é ele imitando a si mesmo. Divertidinho, mas sem o brilho dos dois primeiros filmes.

- Why do they call him Bullet-Dodger?
- Elementary, my dear Watson. Because he dodges bullets.

Quando eu soube que ele iria dirigir o próximo filme de Sherlock Holmes, titubeei, exatamente pela imagem rathbonesca na cuca. Mas, que diabos, vamos ver, eu reservo meus purismos para outras catástrofes. E achei resultado foi excelente: é a Londres de Ritchie, ainda que verde, digital e vitoriana. Os capangas excêntricos estão lá, assim como as cenas de luta, violentas e sujas, agora com o auxílio de modernas câmeras digitais. O humor rápido, cínico e ácido também.

Em pé de igualdade de Downey está Jude Law, elevando o Dr. Watson a um pé de igualdade. Eu não pude deixar de lembrar da série House, em que o protagonista - inspirado parcialmente em Holmes, aliás - tem também um talentoso porém humanamente limitado amigo/sidekick, o dr. Wilson. Entretanto, Law inventa um Watson o qual "sidekick é o cacete" e que não leva desaforo pra casa, embora a relação conflituosa aqui lembre muito a dos personagens desta série. O resto do elenco não faz feio, mas também não se destaca particularmente: Rachel McAdams fazendo uma Irene Adler mais voluntariosa e Mark Strong sendo um vilão cujo aspecto lembra muito o Drácula de Bela Lugosi, com uma gola alta do capote fazendo a capa do velho Conde, e os cabelos puxados pra trás - hum... e que volta dos mortos. :)

A conclusão da história, já com tudo engatilhado para uma sequência, mais do que mera sugestão, encerra muito bem. Fãs de Sherlock Holmes ou casuais interessados, assistam.

***

Yes, we did!

Em Homem de Ferro 2, temos uma sequência muito boa, porém eu ainda acabo preferindo o primeiro. Em inglês, esta crítica aqui levanta questões apresentadas que foram mais contadas do que demonstradas (o que os americanos chamam de "show, don't tell"), e por que isto enfraquece o filme. Achei uma crítica interessante, vale à pena ler.

Mickey Rourke e Sam Rockwell jogando pelos inimigos estão ótimos, mas Gwyneth Paltrow me pareceu sobrando, especialmente com a aquisição da dona moça ai de baixo, no papel de Natasha Romanoff, a Viúva Negra, personagem da Marvel, originalmente espiã desertora soviética e, é claro, Action Girl residente. A "Pepper" de Paltrow se resume à mocinha indefesa que, por mais que seja parte muito importante do drama de Tony Stark em não ser Tony Stark, coisa que ele aliás ama mais do que a própria vida... ela ainda precisa ser resgatada.

Helloooo, you again!

Os narcisistas irrecuperáveis - todos eles - de Robert Downey Jr. nos dão ótimas horas de entretenimento de primeira linha, ótima diversão, para fãs e casuais. Novamente, espero que sua carreira não se resuma a isso. Mas que venham as sequências!

quinta-feira, 13 de maio de 2010

Procurada Vera Lúcia Sant'anna Gomes


Cartaz do Disque-denúncia para a procurada Vera Lúcia Sant'anna Gomes por vários crimes, entre eles tortura!

Quem nunca entrou no site deles, vale a pena!

Retirado do Mausoléu do Gárgula.

UPDATE:
E ela se entregou, nesta mesma quinta-feira.

quarta-feira, 12 de maio de 2010

Editora Aleph pede sugestões

Moçada, esta editora está pedindo sugestões de livros que eles possam publicar. Vejam o site e dêem uma espiada. Eles fazem mais a linha de literatura fantástica.Quem tiver sugestões, esteja à vontade.

quarta-feira, 5 de maio de 2010

Comentários de obras de FC/Fantasia/Terror/etc...

Pessoal, estou dando os meus pitacos sobre essas obras no Blog de FC, ok? Drácula e Anno Dracula sendo minhas vítimas mais recentes.

terça-feira, 4 de maio de 2010

Moça com Brinco de Pérola

Moça com Brinco de Pérola: a assim-chamada Mona Lisa holandesa.

Moça com Brinco de Pérola é um quadro de cerca de 1665, pintado pelo holandês Johannes Vermeer (1632-1675). Não fez muito dinheiro, nem tanta fama quando vivo, deixando a família endividada após sua morte. Seus quadros foram apreciados somente mais tarde, e sua técnica e composição reconhecidas como as de um verdadeiro mestre da pintura. O apelido de Mona Lisa holandesa se deve à expressão não exatamente clara, em suas emoções, que pode ser vista no quadro.

Em 1999, a autora Tracy Chevalier, especializada em romances históricos, escreveu um livro sobre o autor e o quadro, explorando questões sem resposta sobre quem seria a modelo, por exemplo, e sua relação com o pintor.

Em 2003, o romance virou filme, dirigido por Peter Webber, com Collin Flirth e Scarlett Johansson. Conhecia de ouvir falar, não tinha visto até ontem de madrugada. Foi uma surpresa completa.

O filme leva, visualmente, a padronagem de cores e luzes típica das obras de Vermeer. É daqueles casos que parece que o diretor de arte ou de fotografia tomas as rédeas da direção. Em geral, isso torna filmes chatos e longos. Neste filme, entretanto, apesar de cada cena parecer ser um estudo de Arte, tudo é calculado e proposital. Não é um filme de ação, não é um filme de palavras: mas de luz, sombra, cor e sentimentos.

A modelo real do quadro é uma figura anônima. Entra Griet, moça humilde que, para ajudar nas finanças de sua casa, depois que o pai é acometido por cegueira, torna-se empregada em uma família de certas posses. É a família de Vermeer, com esposa, vários filhos, e uma sogra dominante, viúva, que toma conta das finanças da casa. Vermeer é apresentado como sendo ausente, absorto por sua arte. Nada mais lhe parece interessar muito. Há uma tensão no ar, especialmente em se tratando de questões financeiras. Griet apenas é mais uma empregada na casa, tenta não se envolver em nada, parece que não respira na maioria das vezes, temendo em importunar, ou, como sempre ocorre, ser repreendida.

Aos poucos, surge uma relação com Vermeer, tornando-se sua assistente, e demonstrando interesse e compreensão sobre todo aquele mundo em que o pintor vivia, sozinho até então. Cabe notar que são dois personagens que quase não falam, se comparados aos ao redor, salvo quando entre si - e ainda assim, não muito parece ser requerido.

A história corre para longe do estereótipo, onde esse tipo de comunicação e diálogo leva a romances físicos. Não, é de sutil sensualidade. É uma relação em segredo, como uma traição: o aprendizado da moça é mantido em segredo, para não antagonizar a esposa. A nudez de Griet está em seus cabelos. E o auge de tudo é a pintura do referido quadro, em que o brinco de pérola é dado a ela, como detalhe final para a confecção da pintura, com ela já posando - a cena dele furando sua orelha, que nunca havia feito, é particularmente significativa. E o brinco é da esposa, que de nada sabe... e com a sogra encobrindo.

Agora, dêem uma boa olhada nesta foto de Scarlett Johannson:

Hellooo you guys!

Timidez não é o caso, correto? Pois é. Olhem agora.

Girl can act.

Michael Caine disse, em entrevista, que o que difere o "astro" do grande ator é que o primeiro amolda o personagem à sua imagem, enquanto que o segundo faz o contrário: amolda sua imagem ao personagem. Johannson já havia feito uma "girl next door" sem nenhum problema em Lost in Translation (também em 2003, Sofia Coppola) em um papel que, por motivos diferentes porém legítimos dos de "Moça...", angaria simpatias do público. Em 2004 ela chegou a ser indicada para Melhor Atriz pelo Globo de Ouro, e não ter ganhado foi simplesmente uma injustiça - para não dizer concorrer aos Oscar de Direção de Arte - Cenário, Cinematografia e Costume Design, todos devidamente arrebatados pelo furacão de O Senhor dos Anéis quando não O Mestre dos Mares).

Atualmente podemos vê-la em filmes que não dependam tanto de sua capacidade artística quanto de seus dotes - wink, wink. Enfim, é a máquina.

Johannson: o trabalho impressiona.

Fica, então, o resultado de se ver talento em um dito filme extremamente artístico. Uma experiência enriquecedora. Altamente recomendado.